Para mim, um domingo de sol se resume em praia ou tédio, mas no domingo passado, fui convidada para um passeio para o Parque Zoológico de São Paulo. Confesso que resisti um pouco por saber que encontraria os animais que tanto amo presos e infelizes, mas concordei em troca dessa matéria. Abrir os horizontes. Acordei cedinho e fui.

O parque abre às 9h, o valor é de 14 reais a inteira (estudante paga meia). Tem 900.000 m² e a maior parte é coberta pela Mata Atlântica, um lago muito grande onde ficam alguns animais aquáticos. Além dos animais e muita vegetação, o parque tem lanchonetes e espaços para pique-nique. Um ótimo passeio para famílias preocupadas com o lazer das crianças, com respirar mais ar puro e sair da rotina. Conversando com um visitante, Thiago Lima, ele disse com o que se surpreeende “a natureza, animais, verde…"





Mapa do parque
Programas de consciência ambiental estão espalhados por todos os lados, por exemplo: logo na entrada tem uma placa bem grande com a frase “se liga na cor, jogue lixo no coletor” e essas mensagens se estendem pelo resto do parque. No meio do zoológico, também, há um espaço para as crianças aprenderem um pouco mais sobre ecologia, um programa do governo de São Paulo “Criança Ecológica.

Coleta Seletiva dentro do parque, uma de várias espalhadas.
Conversei com uma senhorinha que disse ser “bicho do mato” e por isso não deixou que eu gravasse a entrevista. Era sua primeira vez no parque e o urso lhe chamou mais atenção. Thiago, que estava na fila para ver a parte dos sangues-frio, a parte que ele mais gosta, acompanhado por sua esposa, disse: “A gente vem pra aproveitar o domingo".
Nesse dia o parque estava cheio. Havia gente de tudo quanto é jeito. Muitas pessoas gritando umas com as outras ou com os animais; outras mostrando sua compaixão por eles; outras, até, brigando com um bichinho ou outro que estava escondido. Nesses momentos, sentia como se estivesse num museu e seus objetos, essas pessoas me pareceram não entender que eles não eram coisas e sim animais, com necessidades, medos, mau-humor.
No site tem escrito o objetivo do Zoológico:
(Manter uma população de animais vivos de todas as faunas, para educação e recreação do público, bem como para pesquisas biológicas; Instalar em sua área de abrangência uma Estação Biológica, para investigações de fauna da região e pesquisas correlatas; Proporcionar facilidades para o trabalho de pesquisadores nacionais e estrangeiros no domínio da Zoologia, no seu sentido mais amplo, por meio de acordos, contratos ou bolsas de estudo.)

Print Screen do site
Em outras palavras, o objetivo é o contato da natureza com o homem e também pesquisas, investigações e estudos.


Conversei com um funcionário, Vagner Rodrigues, que é tratador. Ele tem a função de, no setor de aves, alimentar os animais e cuidar para que os animais se mantenham sempre saudáveis, além de orientar os funcionários mais novos. Ele adora cuidar de animais, é sua motivação para ir trabalhar, disse que o seu preferido é o tucano.
Vagner gostaria de ver os animais em liberdade, não poderia ser diferente como amante dos animais que é. “Eu acho que todo bicho tinha que tá solto, nenhum tinha que estar preso. Mas já que eles estão aqui, a gente procura dar uma exelente qualidade de vida pra eles.”. Thiago também concorda com Vagner, mas dá ênfase nas aves, quando perguntei o que de negativo ele pensa sobre o zôo, me disse “Só algumas aves que deveriam ter um espaço mais amplo, para eles se movimentarem melhor. Podiam mudar pelo menos para elas terem um espaço maior, uma grade mais alta.”




Uma das poucas aves soltas pelo parque, as outras estão em jaulas onde podem voar pouco.
Minhas expectativas foram alcançadas, infelizmente, porque o encontrei animais presos e aparentemente infelizes. Pessoas batendo nos vidros, gritando com os animais que não têm como se defender, não escolheram estar ali.




Um dos pouquíssimos avisos, esse estava na área dos filhotes, onde havia apenas algumas tartarugas.
“Dá dó, né?!” Ouvi uma pessoa dizendo em uma das gravações em áudio que fazia do todo. Os funcionários, se forem todos como Vagner, tratam muito bem os animais. Ele explica uma das maneiras de cuidado com os animais presos: “A gente tem um setor que se chama PECA, que é um programa de enriquecimento comportamental. Eles colocam objetos nos recintos pros animais se distrairem, ter uma atividade…”


Mesmo tendo o PECA e pessoas como o Vagner para cuidar deles, ainda estão presos. Meu irmão me chamou a atenção pros macacos no lago. Cada espécia tinha uma ilha para eles. Era uma ilhazinha, mesmo, em volta só tinha a água do lago. Dois deles estavam em sua ilha com seu brinquedão de madeira, mas nem davam atenção a ele. Cada um estava em uma ponta, bem na beirada de terra, quase caindo no lago. Às vezes parecia que iam mergulhar. Ficavam por lá durante alguns intantes e depois iam para a outra ponto, aparentemente com esperança de encontrar uma saída. Ainda por cima, havia muita gente lá, olhando pra eles. Algumas gritando com eles, como já disse. Será que essas pessoas já se colocaram no lugar deles?





Anta saindo da água.
Para as pessoas que entendem de ecologia e estão pensando que estou fazendo apologia para que soltem os animais, estão enganados. Não sou especialista (só amante), mas sei que animais que vivem em cativeiro, não sobreviveriam em seu habitat, que seria, natural. Os animais na natureza vivem em busca de comida, tentam se esquivarem de seus predadores e disputam parceiros para acasalar e por isso, todos os dias vivem intensamente. Já em cativeiro, os animais passam a não ter estímulos porque a comida está garantida e não estão próximos a inimigos mortais, com isso, perdem muito.
Em 2007, saiu na Folha Online uma matéria sobre Xiang Xiang, um urso gigante de apenas 5 anos de idade, que foi criado em cativeiro, mas voltou à natureza e não sobreviveu por não ter aprendido a lutar muito bem. Isso é mais uma prova que os animais que nascem em cativeiros não podem ser colocados de volta na natureza. E o que podemos fazer? Tentar tratar melhor esses animais, não incomodando-os em seus lares; não maltratar nenhum que esteja solto para que eles possam continuar sua vida normal em seu habitat (por que muitos animais são encontrados machucados e levados para serem curados, depois disso, nunca mais voltam), os zoológicos também podem sempre contratar pessoas como Vagner que adora animais e os tratam bem.
Acho que algumas pessoas vão concordar com a opinião de Thiago, que gosta do zôo pelo verde, pelos animais e pelo programa, “Eles têm que continuar com essa preservação do verde, porque hoje em dia tem muito desmatamento, muita coisa errada. O ser humano, ao invés de construir, tá destruindo.” O verde tende a ser preservado mesmo, pelo menos no parque. Os animais também serão preservados, enquanto viverem ali, suas espécies ainda existirão e Vagner deixa claro sua boa intenção “A gente procura fazer com que o bicho tenha o mais feliz possível em cativeiro” É… Já que não podem mais viver soltos, que bom, Vagner, que bom que pessoas como você existem!



E vocês? O que acham sobre isso? O que podemos fazer para melhorar a vida dos animais que não podem mais viver soltos na natureza?
Esse texto foi escrito dedicado a todos os animais (à natureza em geral) e seus amantes. E também à Spinoza que foi tão criticado ao dizer que Deus e Natureza são uma coisa só.


Fontes: Fundação Parque Zoológico de São Paulo