(ligue a caixa de som, dê play e stop quando sugerido, vamos tentar algo novo. dica: se você conseguir só escutar a música sem prestar atenção nela,  melhor)




           O show ia começar logo que lotasse a balada. Para esperar, sentei no puff verde limão num canto da pista. Minha amiga estava no banheiro e para não perder o lugar, fiquei. Eu estava bem em frente ao palco e da pickup, Fred e Marcelo já a assumiam, deixando um som ambiente com o estilo da banda deles.
           Eu estava distraída, lendo meus e mails no meu smartphone, meio sem prestar atenção, mas de repente senti um vento, ouvi um murmurinho e umas risadas… era ele, tinha certeza! Pierre havia chegado! As risadas eram dos amigos que conversavam algo que eu não podia ouvir e  o murmurinho de algumas meninas que como eu, ficaram felizes ao vê-lo. O vento eu não sei, acho que foi coincidência.
           Eu o via sorrindo e me peguei sorrindo junto, sem motivo. Meu coração batia acelerado e me veio aquela vontade espontânea de ir falar com ele. Não fui. Tinha medo. Não sei do que, mas eu tinha. Eu nem percebia as coisas que aconteciam na minha frente: as meninas abraçando os meninos da banda; Tomás, o vocalista, chegando; mais murmurinhos; os staffs  arrumando o palco e muita gente entrando na minha frente…
           Quando dei por mim, eu já estava de pé tentando seguir Pierre com os olhos, não conseguia pensar em outra coisa, nem sei como meu celular foi parar no meu bolso. Eu estava hipnotizada e dificilmente essas coisas acontecem comigo, levando em conta que estou sempre com o pensamento em mil coisas ao mesmo tempo.
           Não sou tiete, nunca fui. Nem da minha banda preferida eu sou. Só gosto muito do som deles. As letras me fazem pensar e eles mandam muito bem na parte musical. Pierre é lindo, claro, mas não era por isso que me sentia totalmente anestesiada ao vê-lo e aquele calorzinho por estar perto dele. Eu não sei porque, não sei se costumo me apaixonar por garotos que eu não conheço bem. Os outros também são lindos, mas não era com eles que eu sonhava, era com Pierre… que nem sabia que eu existia.
           Minha amiga, aquela que não voltava nunca do banheiro – e certamente estava pegando alguém – me incentivava pra ir falar com eles, mas eu não conseguia. Ela me acha boba só porque eu não tenho coragem de ir lá. Ela dizia: “vai lá, só fala oi e elogia o trabalho deles”… não conseguia. Conhecer bandas, pra mim, era uma das maiores frustrações infantis existentes.
(aperte o play para que a música te acompanhe nos próximos quatro parágrafos - não precisa ver o vídeo) 

Continuando…



           Sonhava com Pierre me chamando pra dançar aquela música do Ramirez que Marcelo escolheu praquela hora. Pierre vinha, me estendia a mão e eu, fazendo doce, não aceitava de primeira. As outras meninas morrendo de inveja e eu ali, envergonhada. Depois de ele insistir mais eu aceitava. Um passo pra frente, outro pra trás… “dançar tá tão fora de moda”, eu diria. “por isso é tão romântico” ele responderia sem titubiar.



(ouça um pouco da música e pense parágrafo que acabou de ler… depois volte a prestar atenção apenas na leitura)


           A dança continuaria, mas dessa vez nossos corpos estariam mais perto. Ele se aproximaria do meu rosto e nossas bochechas se encontariam, eu diria: “eu adoro o som de vocês, me sinto tão Sophia com você dançando comigo”… ele iria sorrir, é claro. Não daria para eu dizer algo assim e a pessoa ficar sem reação. Não só sorriria como tentaria me beijar bem nessa hora. Daria bastante esperança e quando ele achasse que já tinha me ganhado, eu desviaria o rosto, abraçando-o e falando em seu ouvido “mas eu não te quero”.
           Eu continuaria dançando, já que ele insistiu tanto… ficaria ali até a música acabar. Ele tentaria me beijar outras vezes e eu não deixava – não sei porque, eu não estava controlando meus pensamentos – e eu diria “não faça isso, não se magoe” – perceba que no meu sonho, a pessoa romântica e vulnerável era ele e não eu, como é na realidade – se ele insistisse mais acho que não aguentaria vê-lo implorar, o beijaria com todo o carinho que eu tenho pra oferecer em um beijo doce e quente, mas quando ele estivesse com as mãos no meu rosto e acariciando meu cabelo, já apaixonado, me afastaria e o deixaria no meio da pista, sem ação e fala… gosto de homens que perdem a fala quando estão perto de mim.
           Foi nessa hora, no auge da minha imaginação, já no meio da pista, percebi que ele não está mais na minha frente e quando virei, me esbarrei bruscamente com ele. Ele sorriu e pediu desculpas, encostando em meu ombro e eu séria virei o corpo, já sem ar. Acho que ele devia ter feito diferente, quando me virei, deveria ter pego forte minha mão e não deixado eu sair daquele jeito. É… seria digno pegar minha mão. Mais digno se me beijasse como na minha imaginação, mesmo não tendo certeza se eu o beijaria.
(pare a música agora)


           Minha amiga voltou em seguida com o cara que ela tinha conhecido na ida ao banheiro,  eles estavam ficando. Ela me apresentou ele e disse que talvez conseguisse um amigo dele pra mim. Eu disse que não queria e apontei pro Pierre, contando o que havia acontecido – a parte real, não a do sonho -. Eles estavam subindo no palco e o show começou.
(aperte o play para que a música te acompanhe até o fim do texto - não precisa ver o vídeo)














Continuando…
           Pierre estava no canto direito com sua guitarra, seu microfone backing vocal e aquelas roupas típicas da banda. Aquele cabelo e o sorriso do tamanho do mundo. No meio da primeira música, minha amiga, abraçada com o fulano, me gritou: “ei, olha como o Pierre é parecido com o Fernando!” e eu sem entender: “com quem??” “o Fernando, aquele seu amigo do colégio, aquele que você tem um caso” eu ri e disse: “magina, só o cabelo que parece e eu não tenho um caso com ele, nunca tive” mas ela não deixou passar: “olha direito, eles são muito parecidos” é claro que resisti, mas tinha que admitir a semelhança. Não poderia dizer que o cara com quem eu tinha sonhado aquilo tudo era parecido com um menino que sempre insisti em não sentir nada por ele. “deve ser por isso, então, minha paixão repentina por Pierre. Não era bem por ele. Então… OMFG…"




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Como se sentiu ligando e desligando a música? Comente para que eu possa ter um feedback, por favor. Obrigada.