Eu e meu irmão estávamos voltando do trabalho meia noite e meia ou mais, tínhamos levado a namorada dele em casa e estávamos cansados, estava pensando em alguém que tinha acabado de estar junto, quando eu olhei por trás do farol do carro, pisquei meus olhos três vezes, e o vi sentado no meio fio, desci do carro, meu irmão disse para eu não demorar, concordei com a cabeça mesmo ele já tendo subido as escadas pro apartamento. E o garoto se levantou em um salto.

                Não fazia nem uma hora que tínhamos nos despedido, parecia mentira, eu não pude acreditar, cinco minutos antes eu estava pensando nele, então, sem mais nem menos, meus olhos se encontraram com o os deles… Fiquei estática.

                Perguntei o que fazia ali, pois nem imaginava que era eu (ah, não, logo eu?!) que ele procurava. Pensei que pudesse estar procurando nossa amiga que estava com a gente há meia hora, mas não! Ele procurava por mim… Ele respondeu todo sem jeito, todo fofo, sorriu com aqueles dentes brancos e alinhados que combinavam perfeitamente com seus olhos castanhos escuros.

                Ele me disse, olhando pro chão e com as mãos para trás, que estava passando e resolveu parar para conversar. Achei fofo, levando em conta que quando estivemos juntos só eu falava (e como falava!!!!!) e ele só escutava… E ria… Fofo, mais que fofo.

Sentamos na calçada e só pra quebrar o gelo (do fato de ele ter aparecido de surpresa sem eu ter tempo de pentear o cabelo entre outras coisas) do meu machucado de mais de um palmo (um palmo ABERTO, eu quero dizer!) na minha perna, e se doía, disse que doía mas não muito, mas piorava quando eu respirava. Ele riu. Sempre rindo.

 Ficamos quietos e ele disse “olha a lua”  no mesmo instante que eu disse “vai chover, né”, então eu olhei pra lua e ele disse que sim, ia chover, ele pegou na minha mão. Ele olhou pra mim…

Ficou me encarando e eu perguntei o que era. Ele não disse nada, só olhou e sorriu, tudo bem, ele sempre estava sorrindo, mas daquela vez, era diferente, eu podia sentir a diferença. Ele queria me dizer alguma coisa… Depois do silêncio de uns três minutos (uma eternidade para nós), o próximo dialogo foi:

        - Ei, Gá, quer ser minha namorada?!

        - Hum, claro, por que não? Não sei por que você demor…

        "…ou tanto para pedir", eu ia dizer, mas ele me beijou antes. E agora, sempre que eu estou falando demais, ele me beija e eu acordo.