Hoje estava eu sentada no ônibus lá pelas 16h, saindo de uma aula chata de química.. Não tinha muita gente, todos estavam sentados. Tinha acabado de brigar com o menino que eu estou ficando por telefone e estava escutando Across the Night do Silverchair, quando o menino mais gato de todos os ônibus da cidade de São Paulo naquele instante entrou no que eu estava!
Aquilo foi muito excitante e em câmera lenta... Primeiro vi a cabeça dele no penúltimo degrau e logo depois ele pisou no último, já olhando para o fundo do ônibus, na minha direção. Gelei. Ele colocou a mão no bolso e tirou a carteira preta, relou no leitor e o aparelho amarelo apitou... Até o apito foi um apito longo e baixo, então ele passou pela catraca fazendo o barulho trec, trec, trec.
Ele era realmente lindo e olha que eu já conheci meninos de alto nível de beleza. Ele era moreno, com cabelos lisos meio jogadinho na testa (não emo, mas jogadinho), alto, braços fortes suficiente pra me fazer sentir protegida sem ao menos saber seu nome. Além de lindo, se vestia bem. Ele estava com uma blusa azul marinho, com desenhos brancos e calça jeans.
Olhou nos meus olhos enquanto guardava sua carteira no bolso. Contei 3 segundos. Desviei. Contei mais 5 e olhei de novo. Ele estava ainda olhando, indo se sentar lá trás. Tremi. Sorri, ele sorriu. Só que sou atrapalhada e deixei cair as coisas no chão. E o vi sentando quase atrás de mim. Tinha que me recompor e não deixar que a primeira impressão ficasse.
Aquele dia estava um calor gostoso, mas no ônibus estava abafado. Aproveitei para jogar meu charme. Visualizei-o de longe, com o canto do olho, e sabia que eu estava a fim de brincar com ele. Bem devagar peguei meu cabelo e enrolei na minha mão, colocando no alto da cabeça, me abanei, passei a mão no meu pescoço até a nuca massageando-a com os meus dedos de unhas longas e feitas, destacando minha tatuagem no pescoço.
Deixei cair minha alcinha da blusa. Lentamente voltei meus cabelos pro lugar. Repeti o movimento do cabelo bem mais rápido, mas deixei por alguns instantes a mais o cabelo pra cima, e me abanei mais devagar. Percebi um movimento inquieto no lugar do gato. Ele tinha se debruçado na cadeira da frente dele, ainda sentado. Achei que ele viesse falar comigo, mas não por enquanto, não. Passei a língua em meus lábios, fazia biquinhos discretos. A coisa tava ficando boa, ele estava no papo, já.

Comecei a respirar forte mesmo tentando fazer isso suavemente de uma maneira que se outra pessoa me visse, pudesse pensar que eu estava respirando assim por conta do calor. Soltei meu cabelo, mas afastei todo ele pra um lado do pescoço. E eu respirava com os olhos fechados e pensando nele me pegando na cintura e me beijando. Fui pensando em coisas mais sensuais possíveis, sem pensar em pornografia. Assim prolonga o prazer, penso eu.
Continuei com o mesmo estado de sedução, mas peguei bem devagar um papel e uma caneta para anotar meu nome e telefone. Arranquei o pedaço escrito, virando o rosto na direção dele, mas sem olhar pro rosto dele, ele estava lá, se contorcendo de curiosidade, eu tinha certeza disso. Meus últimos momentos no ônibus, meu ponto estava chegando, fiquei de pé e passei a língua mais uma vez nos lábios e levantei minha alcinha da blusa.
Caminhei até o fim do ônibus, na porta de saída, enquanto caminhava na direção dele, fui subinndo meu olhar aos poucos e ao encontrar seu olhar faminto.... descobri que não era ele que estava sentado ali! Tremi. Meu rosto ficou quente e vermelho. Era outro homem com mais ou menos o mesmo estilo de roupa dele, uma blusa azul marinho e mais ou menos de seu tamanho. Foi aí que me dei conta que eu seduzi o homem errado!
O lindinho estava um pouco mais pra trás, no outro lado do ônibus. O homem que eu seduzi tinha percebido tudo e ficou louco por mim. Acenou, mandou um beijinho e deu um “oi” nojento para mim. Ele não parecia ser desses que dão em cima das pessoas, mas no pensamento dele era óbvio que eu estava a fim dele. Só que no meu pensamento ele era muito mais que um “ecat” para mim. Pelo menos não era velho... Mas o cara era horrível e tinha um cabelo breguíssimo.
O ônibus parou, antes de abrir a porta eu encarei o menino bonito. Eu estava morrendo de vergonha, mas ele estava sorrindo, balançando a cabeça negativamente tipo me zuando e disse: “que mau gosto, heim” e apontou com o nariz para o feioso que eu tinha seduzido. Desci. Morri.