Saudade… Eu quase morro de saudade todos os dias! Tenho saudades das pessoas, de todo mundo que passou pela minha vida. Até quem acha que mal é lembrado. Sempre tenho saudade, mas agora mais, porque estou longe de quase todo mundo que é importante pra mim.Mas antes eu costumava ter saudade de antigamente e ficava triste, muito triste, porque o antigamente acabou. Eu ficava com tanta saudade que meu corpo não aguentava e entornava a água da dor da alma, que é a lágrima. Eu pensava tanto no passado, que eu deixava de pensar no futuro, às vezes.

Pensava tanto, lembrava… Via fotos, colecionava cartas que recebi e as que escrevi e não mandei… E as lia periodicamente. Manter o passado por perto, era questão de alimentar alma.

Eu queria por que queria manter contato com as pessoas… Mas as pessoas mudam, eu mudo, todo mundo muda. A saudade era tão má que eu pegava raiva de quem marcou minha vida e mudou, inclusive tinha raiva de mim mesma, porque mudar estragava minhas saudades.

Não sei se eu preferia que estragassem, de qualquer maneira, porque assim eu não teria que me preocupar em ter saudades dessas pessoas. Mas mesmo assim eu tinha. E a saudade doía, agora em dobro.

Mas de repente, quando eu me dei conta, eu fui parando com isso. Primeiro me mantive longe, me afastei, disse pra minha melhor amiga: “eu também estou com saudade, mas eu não posso viver aqui com o pensamento aí o tempo todo, porque se não eu não vou viver nem aqui, nem aí”. A mudança começou, aos poucos.

Mudei, finalmente. Não choro mais por saudade de tempos e pessoas antigas. Não é porque eu deixei de ter saudades deles, mas porque eu parei pra pensar… Pra que essa saudade tão ruim, se tudo foi tudo tão bom? Ah, a saudade! Eu costumava chorar por causa dela, mas mal sabia eu que ela é amiga e não inimiga! Mas eu chorava… Por causa do tempo que não volta mais, por causa de uma coisa que todo mundo faz, ao mesmo tempo… Envelhecer.

Se a cada minuto nosso corpo é totalmente diferente do minuto que se passou, imagina o que não somos a cada ano ou cada década. E esse ano fez 10 anos que eu mudei do Rio de Janeiro de volta pra São Paulo. Mas que saudades eu tenho do Rio, do Felipe, um loirinho que achei que ia ser meu marido um dia, um tal de André, com quem foi meu primeiro beijo (nunca mais vi, ouvi, mas sinto saudade), do Bahiense, do Sta. Mônica, do Mandala e do St. Patricks. Mas depois que eu mudei do Rio pra São Paulo, comecei a ter outras saudades, por exemplo do Sion, de Higienópolis e seu shopping do mesmo nome, do Jairo… Acontece. Porque depois tive outras fontes de saudades nesses anos que não mencionei. Tudo guardado. Saudade existe. E eu não sou imune a ela. Ninguém é, mesmo que não saiba ou não queira dizer.

É… Outra vez, pra marcar… Sentir saudade a gente sente, mas parei de sentir a saudade ruim, a saudade que abre um buraco dentro do estômago e fica um ventinho soprando. A saudade feia, que faz sofrer e que faz eu questionar “se foi bom, porque me faz tão mal?”.

Então? Se foi bom, porque me faz tão mal? É que na verdade não me faz mal… Eu é que não sabia entender meus sentimentos. É uma nostalgia. É ter saudade de um pedaço da nossa vida que nos faz ser quem somos hoje…A saudade que em espanhol e em inglês não é saudade, é sentir falta, sentir falta… Mas “sentir falta” não é saudade. Saudade é saudade. Do passado, de tudo o que passou. Eu não necessariamente sinto falta do passado, mas sim, eu sinto saudade.

Mas, de acordo com minha evolução como pessoa e espírito, eu deixei a saudade ruim pra lá. Consegui! Eu deixei de sentir tristeza ao lembrar de cada pessoa que passou na minha vida, parei de sentir tristeza ao lembrar do tempo da infância e da adolescência que não voltam mais…

Se foi bom, tem que me fazer bem; se foi ruim e nada me agregou, tenho que esquecer; se foi ruim, mas me fez aprender, focar só nessa aprendizagem. Ah, a saudade! Eu tenho saudade sim do passado e das pessoas. Mas eu fiquei pensando nisso e me veio na cabeça, uma lógica e quase uma observação matemática, e eu resolvi direcionar minhas emoções pra outro caminho…

Conclui, meio sem concluir porque não quero concluir nada nessa altura da vida, que se meu passado foi tão bom desse jeito quando eu era inexperiente, imatura, novata; se o presente eu tenho aproveitado melhor que o presente no passado… Imagina quando eu me tornar um pouquinho menos ignorante sobre vida, quase nada mais madura, um pouco mais experiente, quando eu souber lidar melhor com meus sentimentos e os outros problemas…

Imaginou? Bom, pela lógica o futuro vai ser bom demais. Pela minha experiência empírica está sendo a maior aventura! E desse futuro eu falo do futuro, mesmo, daqui 10, 15 anos… Mas também falo de agora… Agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora… E agora…

“E se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi.” Rei Roberto Carlos