Drogas é um assunto polêmico, não é? Normalmente em aulas de química os alunos e os professores encontram uma maneira de tocar no assunto. Isso acontecia no meu colegial inteiro e agora no curso pré-vestibular.

É engraçado e até um pouco hipócrita, a forma em que o assunto é tratado entre essas pessoas. Se for com um de seus - talvez futuros - filhos, não pode, não. Se for pra discutir o tráfico, todos contra. Acabar com esse mundo marginalizado que mata tanta gente inocente, como nossos colegas de cursinho, de faculdade ou estágio, todas as pessoas de classe média/alta, muito a favor.

Em 2006, quando o PCC aterrorizou a cidade de São Paulo inteira e outras partes do estado, ouvi da boca de uma amiga - classe média, por isso colocaremos como instruída - que fuma (ou fumava) maconha: vamos fazer uma corrente de energia positiva! Corrente? Do que você está falando? Qual tipo de energia você quer? Fiquei me perguntando isso por muitas horas e comecei a refletir. Existe gente má que fuma maconha, existe gente idiota e gente boa também, mas ser uma pessoa boa tira a culpa dela, a culpa de estar financiando o tráfico.

O problema não é fumar ou não. O problema é o porque fumar e da onde tirar essa droga. Tem gente rica que não sabe que sustenta o tráfico, não sabem por que só vê gente pobre morrer - por não pagar e “ah, só nos fins de semana quando tem festa” mas se não fumassem, o mercado diminuiria, talvez, afinal de contas, os mais pobres não tem dinheiro - dinheiro honesto, eu quero dizer - para comprar drogas.

O que dizer sobre essas pessoas mais pobres que usam drogas? Se nós que hipoteticamente somos instruídos não nos assustamos ao descobrir um beck na bolsa de uma amiga, imagina, você, uma pessoa que cresceu ouvindo seu pai vendendo drogas, o sonho dessa pessoa quando crescer talvez seja ser como o pai como crescer.

O meu ponto não é esse na verdade, não quero discutir porque motivo a pessoa é traficante ou usuário, meu ponto é que quando estamos em um grupo procurando ser descolado e onde ninguém te conhece e quer ser uma pessoa bacana, sempre mandamos frases indiretas como se fôssemos usuários, mas de um sentido interessante e não num sentido ilegal. Isso sim para mim é hipocrezia, numa aula lança um comentário indicando que é mesmo usuário e quando atacam o lado dela elas choram… e choram mesmo. Essas pessoas têm que escolher em que lado ficar, por que não pode ficar em cima do muro. Não dá, mesmo.

[a autora é contra qualquer tipo de droga: ilítica, lícita, amor e falta de dinheiro.]