Somos seres orgânicos, vivos. Somos parte da natureza, embora nossa mente minta e nos dê a ilusão de que não, não somos. Por alguma razão, temos essa consciência que nos faz viver de forma diferente do restante da natureza. Nós criamos, montamos, abstraimos, temos memórias do passado e projetamos o futuro. Temos consciência e um ego. Um ego que nos ilude, nos faz crê que somos algo diferente da natureza.

Somos energia condensada, assim como o resto da natureza, mas nos julgamos melhores porque possuímos uma mente. A mente, mente. Não somos melhores. Estamos em uma etapa da evolução cósmica. Somos uma coisa só com a ilusão da separação para expandir a consciência. Para conhecer os opostos, para conhecer a dualidade. Só de nós atentarmos a isso, já podemos evoluir.

Nosso ego é de um ser vivo e um dia vai morrer. Porém também somos energia infinita e eterna. Essa sim, nunca vai desaparecer. Essa não tem nome, não tem idade, raça ou religião. É a energia do amor. Vamos voltar todos de onde viemos, um dia, quando já tivermos aprendido tudo que precisaríamos aprender.

Sejamos conscientes que somos orgânicos. Porque não temos essa consciência ainda. Acreditamos que somos máquinas indestrutíveis, esquecendo-nos de que a impermanência é o que nos faz perfeitos.  Não é de se estranhar tanto incômodo nessa vida quando nos colocamos em posição de robôs que servem à sociedade, nos prendendo em grades e artificialidades - ao invés de apenas ser. Ser humano, ser amor.

Por alguma razão, temos a capacidade de criar coisas e nossa realidade, mas o desconforto crônico talvez queira nos mostrar que perdemos a noção de que somos vulneráveis e estamos aqui para aprender - nos apegamos e julgamos o tempo todo.

E então sabemos que temos um ego e emoções. Cultivamos essas emoções, nos identificamos com elas, não as deixarmos ir, se tornam sentimentos e às vezes doenças. Juntamos o que acontece, com o que aconteceu e vai acontecer, para nos perder nessa máquina que é o corpo humano, ouvindo apenas o que passa pela nossa mente e esquecemos do que vem do coração. Nosso corpo é uma máquina, mas é orgânico e faz parte da natureza.

A confusão se dá, então, pelos valores sociais que aprendemos. No entanto, a realidade é tão mais ampla do que padrões sociais. Tanto é que somos iguais em necessidades básicas, mas não agimos assim culturalmente. Por alguma razão, nós viemos com a capacidade de viver culturalmente, mas esse incômodo crônico que me chama atenção existe em todas as culturas e tradições.

A globalização coloca todas as culturas no mesmo saco, fingimos que somos iguais.

Mas cada um é um ser orgânico pertencente à natureza que deve cumprir um papel específico. Quando não o fazemos, sentimos em nossas tripas, através de nosso chakra do plexo solar, que algo está errado. Sentimos em nossas entranhas, um sentimento visceral de que algo está errado. Somos orgânicos, mas fingimos que está tudo bem.

O social faz isso. A sociedade doente faz isso. Colocamos perfumes para disfarçar o cheiro do rio poluído; maquiagem para as noites mal dormidas; criamos tabus em cima de necessidades básicas e comemos lixo para fingir que estamos nos nutrindo, apenas enchendo a pança.

E nos escondemos atrás de grades porque acumulamos coisas das quais temos medo de perder, sendo que tudo é passageiro e iremos perder de qualquer jeito. Apegamo-nos a esse mundo material impermanente porque nos distraímos com o externo, sem notar que esse é o atalho para o sofrimento. Quanto mais sofrimento, menos orgânicos podemos ser, porque mais o comercial consegue vender que o material vai resolver esse sofrimento. E não resolve.

Por que diabos não simplesmente deixamos pra trás tudo que é ruim e vivemos plenos? Se nos permitíssemos viver o orgânico, a plenitude, viveríamos com mais paz. A paz que todo mundo quer, mas que perdidos na cabeça fazemos guerra por ela.

SEJAMOS ORGÂNICOS e usemos a consciência que veio de fábrica para encontrar nossa essência.

O caminho de nos auto-conhecer, de ir até quem somos de verdade, tira as máscaras sociais - necessárias nesse plano terrestre. Ao fazer isso, o medo nos mostra nossas limitações, que são desafios para quebrar nossos paradigmas e evoluir. Quebrar padrões, medos, crenças e tradições é transcender o ego. Viver o nosso próprio orgânico, é viver no amor e na plenitude - como os animais que só sabem amar de forma incondicional.

Vamos silenciar a mente, que mente, para ouvir o coração. Meditemos e nos conectamos conosco e com nossos semelhantes e o resto da natureza. Quem sabe assim possamos viver melhor.

Em memória da Milly ♡ 25.09.2003 (chegou a nós, já com uns 2 anos) ☆ 26.04.2016

Sejamos orgânicos como foi a Milly por cerca de 15 anos.

Esse texto foi esboçado dia 25 de abril, último dia que a vi.