Podemos ser feministas e espiritualizadas, porque o Sagrado Feminino só será socialmente liberto, podendo entrar em equilíbrio com o Sagrado Masculino, quando houver respeito e consciência da importância de cada pessoa de carne e osso. Ainda hoje, as mulheres são tratadas com violência e opressão. Aqui proponho um ponto de vista sobre isso.
Sempre fui feminista. No começo, não sabia. Consagrei minha independência e autonomia, para mim mesma, sendo rebelde e forçando meus próprios limites.
Aos poucos, vesti mais a camisa do feminismo e de todas as causas de direitos humanos. Além disso, fiz jus ao meu direito de expressar-me sem tabus.
No meu caminho, diferente das minhas irmãs (não se sangue) guerreiras, eu passei a buscar o lado zen da força, a não resistência. Uma vez, até fui questionada por uma amiga se eu ia aceitar a opressão ao optar por não resistir. Jamais! Entendi, porém, que minha luta diária não é contra um sistema, mas a favor da harmonia entre os seres humanos.
De vez em quando, dependendo da fase da lua, viro guerreira e encaro de frente; mas notei que minha natureza é mais para o zen mesmo.
Sempre me posiciono a favor do feminismo por entender que esse movimento propõe direitos iguais e fim da opressão do sistema patriarcal, que só beneficia uma parte pequena da sociedade.
Como Ser Humano, eu sinto que preciso defender o equilíbrio entre a energia feminina e masculina, compartilhando o que funciona na minha experiência. Sendo mais urgente, ao meu ver, ajudar a conscientizar que cada um de nós pode ser a mudança que a sociedade precisa para transcender essas questões, garantindo os direitos humanos para todos os seres.
Lutar é resistir? Não necessariamente. Depende de como você se sente internamente.
Cada uma tem que seguir seu coração. Quem for da luta, que lute. Quem for da oração, que ore. Quem quiser meditar, que medite. A questão é sempre olhar pra si e verificar como pode ser alguém melhor que ontem. Seguir nosso coração para cumprir nossa missão.
Estamos encarnados nessa dimensão, nesse plano, e devemos sim lutar pelo que achamos certo. No meu caso, sinto necessidade de lutar por essa e outras causas. Não precisamos, no entanto, nos desgastar, sofrer e guardar sentimentos ruins. Busco por equilíbrio entre minha missão terrena (educar no amor o máximo de pessoas possível sobre a opressão quase silenciosa que ainda existe) e minha missão do espírito (evoluir e ajudar o máximo de pessoas possível a evoluir também).
Como mulher, sei que algumas pessoas sofrem tanto com a opressão, em pleno século 21, que não se sentem livres para buscar a paz interior. Como posso, então, não colaborar para que todos os seres humanos tenham os mesmos direitos sociais e possam se sentir livres para buscar seu caminho no amor?
Somos todos livres por natureza, mas algumas pessoas estão presas nas amarras sociais, reprimindo suas sombras.
Clamo por liberdade e pelo direito de qualquer pessoa oprimida denunciar abuso sem ser chamada de histérica, exagerada ou louca.
O que mais vejo são pessoas desmerecendo a luta porque a mulher está "emocionada demais". Até mesmo espiritualistas dizendo que o feminismo é subproduto da histeria feminina mostra que a empatia ainda precisa ser trabalhada, porque reduzir o feminismo à loucura é desqualificar toda luta de uma população oprimida.
Não julgue a forma que a mulher denuncia um abuso com as emoções a flor da pele, não a cale como o sistema faz por tanto tempo. Se quer ajudar, acolha, mas não julgue.
Manifestar-se contra o feminismo considerando o oposto de machismo é ignorância, é querer ver só uma parte da verdade. Pra mim, é um desserviço.
Sei como uma pessoa oprimida pode ser atormentada frequentemente, tomando o medo como padrão de vibração, atraindo, assim, experiências negativas e a sensação de estagnação.
Sem opressão, seríamos todos livres, verdadeiramente livres, para tomar nossas próprias decisões de como sermos as melhores versões de nós mesmos.
Meditar me ajuda. Conhecer meus gatilhos me levou a trabalhar, por exemplo, meu desconforto que eu sentia ao ser assediada na rua - hoje envio amor.
Sinto uma enorme gratidão por ter tido paz suficiente para me conectar com meu feminino e entender a importância desse contato. Sei que nem todas encontram paz para isso.
Meditar e permanecer conectada ao dançar, pintar, escrever, cozinhar, fazer amor, andar de bicicleta, nadar, correr e tudo mais me faz sentir a energia criadora que, em mim, é mais abundante a feminina. Eu sinto ao criar, ao expressar com meu corpo.
De repente, passei a reparar mais em meus ciclos, honrar minha menstruação, minha sensibilidade e toda a energia do meu feminino.
Até me pintar me dá vontade.
[caption id=“attachment_3890” align=“alignleft” width=“300”] Tinta caseira que deu errado - base de Açafrão da Terra[/caption]
A energia sagrada em nós, a Deusa em nós, é manifestada de forma diferente em cada uma. Precisamos descobrir o que significa ser mulher pra nós, o que significa essa energia que tem em nosso coração. Cada um com sua experiência, compartilhando o que for preciso, guardando os segredos. Curando-nos a cada processo. Os homens também podem fazer o mesmo: o que significa ser homem?
Assim como a energia do Sagrado Feminino já estava em mim e apenas tive que identificá-la, ela está em você e em todos. Seja homem ou mulher, todos os seres possuem as duas energias e temos uma mais abundante que a outra. Precisamos nos reconectar com isso.
A busca da mulher para curar o masculino e do homem para curar o feminino também é muito importante, para que haja equilíbrio interior e não projetar nenhuma sombra nossa no outro.
Acredito que nem sempre a energia feminina estará num corpo biologicamente feminino ou vice versa. E tá tudo bem! Precisamos respeitar e honrar a energia de todos nós, como ela nos for apresentada.
Precisamos respeitar a nós mesmos como respeitamos os outros.
Convido a todos e todas a honrar nossa Energia Sagrada, como parte do caminho espiritual. E, para nos aterrar, convido a conhecerem o feminismo, o movimento que busca harmonizar a convivência dos seres humanos na Terra.
Para isso nada melhor que nos conhecermos, reconhecermos nossas sombras, nossas resistências. Reconhecer quem somos, o que podemos oferecer de bom para o mundo e como podemos ser melhores que nós mesmos de ontem.
Faz sentido?
Voltarei nesse assunto, mas adoraria saber o que você pensa sobre isso!