Ela chegou em casa dia 25 de setembro de 2003. Claro que eu lembro, é a mesma coisa de aniversário de nascimento. Ela foi encontrada na rua por veterinária amiga da minha família que ia ficar com ela até perceber que, até então, “Tati” não conseguiria dividir atenção com outros animais da casa (3 cachorros, 4 gatos, 3 periquitos, 2 galinhas… casa de veterinária). Cocker ciumenta e carente, encontrou o lar certo.

Não tinha animal em casa desde 1999 quando mudamos para o primeiro apartamento, no Rio, antes eu tinha um casal de rottweiler, mas me lembro de sentar na rede, em frente à piscina e a Chéri (Querida, em francês! Chique, né?! J) vinha até mim e colocava o pescoço na minha mão, daí eu ficava conversando com ela. E o Argus, um mulecão, vinha atrás me derrubando da rede. Era uma festa, lembrando que eu tinha 10, 11 anos e era menor do que sou hoje (sim, isso é possível).

Mas esse texto não é sobre eles, mesmo sendo maravilhoso lembrar deles! A veterinária apresentou a ‘Tati’ pra mim e pros meus dois irmãos, eu tinha certeza que eu ia gostar dela, mas não fazia ideia que ia me apaixonar. Chegamos na casa dela e ela veio correndo, serelepe! Pulou na minha perna, como se dissesse “boa tarde, Gabi, me dá amor?” pulou na perna dos meus irmãos com a mesma expressão. Paixão à primeira vista. E levamos pra casa.

O problema ia ser convencer meus pais. Ela entrou e a minha mãe foi conquistada de primeira. Quando meu pai chegou, ficou um pouco inseguro, mas ele também se apaixonou por por ela. Eu disse que um dos meus irmãos davam comida pra ela, o outro limpava a sujeira e a minha mãe ligava pro pet shop pra pegarem ela pro banho (cocker é fediiiida). Nem adianta perguntar o que eu ia fazer porque já estava fazendo: falando o que os outros iam fazer e claro, mudando o nome para Milly.

E eu nenhum momento nos arrependemos de tê-la como companhia. Meu irmão mais novo implica com o cheiro dos sofás, das camas, e eu acabava mimando-a e deixava ficar em cima desses lugares, mas já comprei uma caminha nova pra ela e já se acostumou, acho que até prefere.

As vezes ela irrita porque não pára, quer sair pra latir, sai assim que abrimos a porta da garagem e demora pra voltar, sobe no muro e fica seguindo a gente pela rua de trás da casa, um dia, antes de ir pra aula, me seguiu até a casa do meu vizinho, mas admito que deixei o portão aberto (como? Não faço ideia) e atrasou toda ida pra faculdade. Ela fede também e deixa pêlos loiros e caramelos no chão.

Mesmo assim, é lógico que desde o primeiro momento sou apaixonada por ela, mas tenho uns momentos de maior atenção. Penso na companhia que ela faz, no carinho que ela me dá e no despertador que ela pode ser (ser acordada domingo às 6h, com lambidas e cheiradas pode ser interessante, mas não nesse caso). Ela é companheirona, mesmo! Só falta falar, sendo que desconfio que já ouvi. Mas como amor não se explica, simplesmente não consigo explicar. É um negócio que sobe, assim, dentro do peito. Não sei o que faria sem ela, mais. Agora vou fazer carinho nela, depois volto a fazer minhas tarefas.