Há três coisas que não podemos deixar de lado nessa vida: o psicodélico, a arte e a razão. Quando falo de psicodélico me refiro a todas as sensações diferentes e não necessariamente relaciono a drogas, veja bem. Sobre a arte eu digo tudo relacionado às sensações que ela transmite. Minha preferida é a arte visual e a música. E da razão é a razão por ela mesmo.

Penso na alegria de estar em estado psicodélico. Nossa mente pede isso. Nossos sentidos também. Não se pode acreditar em tudo o que vê, mas de vez em quando precisamos acreditar mais em coisas que não vemos. A nossa mente consegue produzir efeitos magníficos se a gente deixar, se não impormos obstáculos.

 

Cada um se sente de uma forma em relação a isso. Tem gente que prefere as drogas, que confundem o cérebro e nos faz sentir como se estivéssemos sonhando, cada substância age de uma maneira em nosso corpo. Eu prefiro outras maneiras, mas isso é muito pessoal e cada um tem um motivo. Eu, particularmente, não gosto das drogas por vários motivos que não cabem aqui.

 

Outras pessoas gostam do orgasmo e pode ser a sensação mais louca que experimentamos por ser um momento de relaxamento, queda da pressão arterial e também a redução, temporária, das atividades da parte do cérebro responsável pela razão. O lado negativo é que tem várias pessoas que não conseguem alcançá-lo frequentemente nem com companhia, nem sozinho.

 

Há outras maneiras de alterar o estado de consciência, como a meditação e a yoga, se forem feitas pra valer. Deve existir alguma outra forma de alcançar esse estado que eu não tenha citado aqui. Pra ser sincera, quando eu escrevo histórias fictícias ou estou representando nas aulas de teatro, eu me sinto um pouco assim, fora da realidade conhecida por nós.

Existem também alguns distúrbios, mas isso é permanente (até a cura, se tiver tratamento) e não é de propósito, ou seja, se mantivermos essas sensações por muito tempo podem nos prejudicar. Alguns desses distúrbios são causados por modificações no sistema nervoso e pode ser causado por pré disposição genética, mas acarretada por fatores externos.
Estudando filosofia comecei a pensar nas percepções sensoriais. A filosofia clássica tem como linha aceita quando se trata de não acreditar nos nossos sentidos. Precisamos viajar e deixar nossa mente afastada de tudo o que é de verdade, porque poucas coisas reais nos fazem realmente felizes.
Tudo o que quero dizer que precisamos começar a procurar novas sensações ou aumentar as que já experimentamos e deixá-las mais perceptivas para tentarmos ser mais humanos. E quando eu falo de arte quero dizer mais ou menos isso também. A arte como tal pode ter vários significados e acho que é o objetivo mesmo.
Como já mencionei antes, gosto muito de música e de arte visual, de preferência abstrata. O problema é que quando não entendo o que elas querem dizer fico meio perdida e um pouco desinteressada. Mas eu gosto mesmo assim porque elas são peças que nossa mente nos prega.
De onde surgiu a música? Porque elas têm vários significados? Tem coisa mais insana que vários sons juntos formarem uma composição que não paro de escutar? Juntamos sons muito loucos e uma letra que expressa o que eu venho querendo dizer e tenho minha música preferida (veja essa categoria, criada em 2015)
Há estudos que dizem que a música surgiu ao se ouvir à natureza. Faz sentido. Primeiros os pássaros cantaram, o vento soprou, o mar quebrou e depois pegamos instrumentos para reproduzir esses sons. Mas temos que concordar que nossa capacidade de abstração para que isso acontecesse foi incrível, não foi?
Impressionante também são aquelas músicas que nos levam a lugares desconhecidos ou pensar que para cada tipo de música há um significado e cada evento, sua trilha sonora. Imagina em um velório tocar um samba ou no carnaval tocar músicas religiosas? Isso porque a música mexe com o nosso emocional, e isso é totalmente abstrato.
Confesso que meu sonho de infância era ser afinada e descoberta por algum produtor de música para poder me promover e eu ser uma grande estrela da música pop, inclusive aprendi a tocar violão e depois guitarra e escrevi umas músicas. Não deu certo, não fiz sucesso como compositora e nunca aprendi a cantar.
Por sorte, não é só música que me diz muito e é super abstrata, onde posso expressar o que quiser. Já sabia o que era lápis de cor, canetinha, tinta guache e giz de cera. Aprendi a mexer com tinta acrílica e hoje em dia ninguém me segura. Confesso que não venderia um quadro se não fosse por pena, mas posso criar a vontade, isso sim.
Posso fazer o que eu quiser desde que eu tenha instrumentos e isso significa muito pra mim, mas nada pro resto. Se as pessoas entendessem o que eu quero dizer com o que faço teria mais valor no mundo artístico. Por enquanto, minha capacidade de abstração ainda é muito óbvia, mas acho que isso não é um estado permanente, é algo que dá pra treinar e aperfeiçoar e é meu objetivo.
Descobri uma forma de me expressar maravilhosa que é essa daqui que estou fazendo. Pode não ser abstrato nem psicodélico, mas faz parte do meu conceito de razão que é uma das coisas que não dá pra viver sem. Eu considero que a razão seja o ápice da manifestação do conhecimento, e escrevendo estou buscando as verdades.
 
A razão é o contrário da imaginação e do uso dos sentidos para entender as coisas. Usamos a razão para encontrarmos os significados reais e as verdades universais para cada ideia existente. Manifestamos o conhecimento pelo pensamento e todos têm a mesma capacidade de fazê-lo.
Sabemos que para que se exista uma verdade universal é necessário se provar o que diz – o que é bem difícil de fazer – não basta só dizer o que pensa e o que acha para ser aceito como verdade. Não que as opiniões não sejam válidas, elas só não só válidas como incontestáveis.
Para provar alguma teoria são necessários métodos específicos. Ao encontrar um problema é elaborada uma hipótese, ela pode ser confirmada ou rejeitada. Se ela se confirma, os outros especialistas precisam experimentá-la também para comprovar e poder generalizá-la. Por exemplo, a lei da gravidade. Alguém contesta? Uma hipótese confirmada pode ser substituída desde que sejam comprovadas pelos mesmos métodos usados para confirmar a contestada.
Uma hipótese também pode ser rejeitada. Isso ocorre quando os testes não funcionam e encontram muitas contradições entre os resultados. Por exemplo, dizer que João é casado, mas também é solteiro é uma contradição e não pode ser verdade. Então, outra hipótese tem que ser formulada e continuar os estudos e testes. Tipo: João tem um casamento aberto.
Tudo pode ser conhecido por nós. O pensamento é superimportante para não aceitarmos sem questionar tudo o que nos dão como verdade. A razão contribui para que os homens e mulheres vivam com mais qualidade exatamente por isso: vai tentar formular questionamentos para tentarmos entender a vida.
A razão é mais ou menos isso, o que não é meu ponto de vista, como falei do psicodélico e a arte, porque estou me baseando em conhecimento adquirido. Não é minha opinião, mas posso dizer que é essa linha de pensamento que eu sigo. Com a razão conseguimos entender o mundo sem precisar senti-lo, afinal de contas nem tudo o que parece é. Então porque eu acreditaria apenas no que eu meus sentidos me dizem?
A arte pode ser um meio termo entre o psicodélico e a razão. O psicodélico é o mundo que sentimos, mas sentimos ao extremo e nem sempre é o que existe. Já a razão nos faz entender as verdades das coisas pela verdade, tentando encontrá-la. A arte não é exagerada. Ela é simbólica às vezes e nas outras representa a realidade, mas pode estar juntas ao mesmo tempo. Nenhum extremo é bom por isso sou adepta a santíssima trindade: o psicodélico, a arte e a razão.

Dedicado à Adriana e à Gabi – professoras de filosofia - e todos os amigos e familiares que já deixaram eu me expressar na minha vida para reunir reflexões para poder me expressar nesse textão, que resume alguns dos meus pontos de vista mais fortes de 2009.