Eu tinha 12 anos e acabado de sair da “Fase do Patinho Feio”, meus cabelos já batiam nos ombros depois de uma temporada de “Joãozinho”. Nunca tinha ido às festas a não ser festas nos salões dos prédios das minhas amigas, que eram poucas. Quando quis sair pela primeira vez, foi num domingo, para uma matinê. Minha irmã, já com 16 anos, insistiu para que eu não fosse, mas minha mãe disse que ela só iria se eu fosse junto. O lugar aonde ela ia era num shopping (para os cariocas, devem se lembrar: rock in rio café no barra shopping) e ela me enxotou de lá e me mandou para a outra matinê do outro shopping (cariocas: Slávia no New York city Center) que eram vizinhos. Eu entrei pela primeira vez em uma boate de verdade. As pessoas estavam fumando e se agarrando, só que estava meio vazia. Eu e minhas amigas entramos e eu estava deslumbrada. Olhava para os lados, não via nada direito. Foi nesse clima que a primeira pessoa a pedir para ficar comigo na vida chegou. Ele era feio e o recusei. Olhei para os lados e encontrei o cara por quem eu tinha uma queda enorme. Felipe o nome dele. Então uma das meninas que estavam comigo chegou saltitante para mim e falou “ga-a-a-a-bi! o andréééé quer ficar com você” e fazendo aquelas dancinhas de quem consegue algo legal para outra pessoa. Só tinha um problema: André? Quem era André. Ah! O promoter bacana. Tinha 14 anos. Era mais alto que eu, eu era da altura do peito dele. Então a gente conversou um pouco. Ele apoiou as duas mãos na pilastra que eu estava encostada e eu fugi passando pelo tríceps dele. Eu fiquei parada ali por alguns instantes e o Felipe veio falar comigo. Eu pensei “é hoje!”, só que ele não queria ficar comigo, aliás, talvez, ele estivesse de saco cheio de ouvir minhas amigas falando que eu era apaixonada por ele, ele não queria nada comigo, Deus! Então ele me disse “hey, gata, pára com isso e fica logo com o André” Era assim que ele retribuía tanto amor? Ele queria que eu ficasse com amigo dele? Para tentar esquecê-lo? Então era isso que eu ia fazer. Voltei ao André e ficamos conversando ainda mais um pouco na pilastra. Ele tentava me beijar e eu me sentindo descolada e tudo mais, mas a verdade é que eu estava morrendo de medo por dentro. Ele sabia que eu nunca tinha beijado. Ele veio chegando. Se não fosse um cara que eu tivesse acabado de conhecer e amigo do cara que eu gostava, ia até ser romântico. Ele foi se aproximando e eu olhando para os outros casais… Não sabia o que fazer, onde colocar as mãos, como abrir a boca e… Ele foi se aproximando, assim, em câmera lenta e mil coisas passando pela minha cabeça… Eu falei: “ai… se eu te der um beijo você não me agarra” e apontei com o nariz para os outros casais que estavam se agarrando. Ele sorriu e disse que tudo bem a minha condição. Ele me beijou. Pareceu uma eternidade, estava ficando até meio chato. Aquela escuridão com luzes prá lá e pra cá, música alta, eu de olhos fechados e um cara com as mãos apoiada nas pilastras por cima do meu ombro com a língua dentro da minha boca. Abri os olhos e o afastei. Perguntei a hora. Falei que ia me atrasar para me encontrar com minha irmã e saí correndo. Na mesma noite encontrei com ele de novo ali pelo shopping, todo mundo queria que eu beijasse ele de novo, mas não beijei. Nem selinho. Nem nada. Nem beijo na bochecha. O cara deve ter achado que eu era idiota, mas na verdade nem ligo. É uma das partes mais gostosas de estar crescendo… Provar o novo e rir dos erros.