Fazia um tempão que eu não gostava de ninguém. Nem sei se é gostar, mas me interessar pra valer. Eu não queria, mas eu me apaixonei por um menino do meu colégio. Porra! É muito difícil admitir, mas eu estou fazendo e sei que vou estragar tudo de novo com isso. Tá ok. Eu nunca fui muito boa em relacionamentos. Não só não sou boa como consigo estragar todas as possibilidades de romance que me aparecem. Falando a verdade eu não acho que tenha alguma chance de dá certo mesmo, então tanto faz dizer ou deixar pra lá.

Ele é do segundo ano, então só nos vemos na entrada e na saída do colégio, já que o prédio do colegial fica no outro lado, mas ele é amigo dos meus amigos e eu já conversei com ele algumas vezes. Nem sentia nada quando eu o via, ele é bonitinho, mas tudo começou mesmo quando eu conversei a primeira vez com ele pelo Messenger, eu fiquei fascinada com o jeito que a gente conversava. Não rolava altos papos de amizade, mas isso é o que eu achei mais legal. A gente tem potencial.

Se fosse conversa de amizade, eu não estaria angustiada com o fim que levou essas conversas. Sério… Porque amigo é amigo e rolinho é rolinho. E eu, definitivamente, não quero ser amiguinha dele! Vou tentar usar o meu novo método de esquecer ou conquistar. Decidi que com ele vai ser ou oito ou oitenta. Aprendi com meu irmão – dêem os créditos pra ele, portanto – e se baseia mais ou menos em manter-se afastado da famosa “zona da amizade”. Isso vocês conhecem, né?!

Sei que pode parecer crueldade, mas eu sempre me ferro quando se trata de relacionamento, sempre falam pra mim: “Meu, Fulana é muito gata, é por isso que vários meninos querem ficar com ela” E quando é em relação a mim, dizem: “ah, você é uma boa amiga”. Amiga? Eu sou uma boa amiga? Eu sou amiga, mas eu também vou ao cinema comer pipoca e beijar na boca. O que os meninos querem? Uma menina divertida que dá uns beijinhos ou uma garota escrota pra mostrar pros outros?

Eu só converso com ele pelo Messenger. Quer dizer, eu conversava, mas eu apaguei o e mail dele da minha lista para não cair na tentação de falar com ele. Por que sabe o que é?! Essa paixão avassaladora chegou como uma curiosidade de saber dele agora virou uma vontade incontrolável de conversar com ele e olhar pra ele e tocar nele. O problema é que ele não me trata com tanto interesse.

Às vezes eu até acho que ele não gosta muito de mim, não que me odeie porque se não nem falaria nunca comigo, mas acho que ele não me acha muito interessante nem pra amizade. A gente não se conhece direito, mas a culpa é dele porque eu tentei de todas as maneiras, mas ele não deixava, se ele deixasse, ele ia se apaixonar por mim. Juro.

E se eu estiver viajando e ele gostar de mim como amiga (amiga?) então todas as possibilidades que me aparecem na cabeça, a única saída é tentar usar o método – que autodenominei método Daniele – que é: ou ele vai ficar comigo ou não vai me ter como nada. Ou ele se aproxima de mim com algum interesse ou eu não quero saber dele.

Eu sei poucas coisas dele, mas sei que orgulhoso ele é, ele mesmo me contou da vez que a ex-namorada dele terminou com ele e depois quis voltar. Sei que esse método não deve dar certo com meninos orgulhosos, mas tudo bem. Estou pensando numa adaptação. O que é mais importante é manter distância e jogar charme.

Realmente, eu percebi que quando comecei a ignorá-lo, ele aparecia mais na minha frente, estranho. É difícil ignorar uma pessoa que eu quero sempre conversar, uma pessoa que eu gosto de estar próxima. Então é isso. Vou me manter afastada - ai que difícil - e tentar fazê-lo morrer de saudades de mim. Da mesma maneira que eu sinto a falta dele. Eu quero muito que ele sinta minha falta, porque só assim eu poderei convidá-lo para ir ao cinema comigo.

Eu sou Daniele e, por favor, morra de saudade de mim!