Dois velhinhos caminhando de mão dadas em um dia de sol que faz muito frio, um grupo de jovens e um ônibus bem na minha frente, logo ao lado, um painel contando oito e trinta e um... oito e trinta e sete... oito e cinquenta... Muitas risadas e conversas, o vento gela todos os meus sentidos, muitos carros passando e eles traziam um vento mais gelado ainda para piorar o frio. Ninguém se importando com o cheiro de cigarro, ninguém se importando com os sentimentos alheios, mas de repente, um que merece atenção, o único que parece aquecer meu coração. Alto, loiro, olhos claros, calça jeans e casaco escuro, cabelo curto, mas o suficiente pra voar com o vento, mais sozinho do que acompanhado, passa por mim inúmeras vezes, brincando, parava, ria... sorria... Me passa na cabeça uns acordes e a melodia de uma música que eu gosto, desejo meu violão naquela hora, mas agora meus dedos estão tão frios que quase não consigo escrever, me faz pensar que seria impossível tocar aquela música lá, mesmo se meu violão estivesse comigo. Penso, então, na letra dela, de como se parece com o meu momento... Muita gente que passa por mim, quase não me vê. Tem uns que sobem na árvore que eu estou encostada e pulam na minha direção quase me acertando. Ele não virá me esquentar, pois não existo pra ele e pra quase ninguém naquele instante. Só o céu azul com as nuvens se movendo rapidamente, o frio, o vento e a luz que o sol nos tras pouco calor me faz saber que eu realmente estava ali, naquela hora.