Nunca desista de um sonho... Se você não achar em uma padaria, tente em outra! É o que eu já li em nicks no MSN, perfil no Orkut, botecos e propagandas mas, o que parecia ser uma coisa banal, uma simples frase de caminhão, pode ter um grande significado. Mas de onde vem e até onde vai esse sonho? Até onde você pode (e quer) chegar? O que você tem que fazer pra conquistar o que você quer? O que está disposto a fazer por isso?

Quando eu via esse tal de sonho nos olhos e no coração das pessoas, eu tinha tanta vontade de ser igual, de ter um sonho, mas nunca tive. Quer dizer, acho que até pouco tempo atrás, meu único sonho era conseguir ter um sonho, ele não precisava ser grande, de marca, vermelho, nem mesmo precisava ser imediato e instantâneo, muito menos utópicos, precisava ser um sonho intenso.

Esse meu "sonho" não me deixava ir a lugar algum, esse meu sonho de ter um sonho me fazia ficar de pé, com uma mala pronta, só esperando que ele aparecesse de repente e me levasse pra outro mundo, mas ele nunca vinha... E eu nunca dormia satisfeita. Então, começou: primeiro foi minha mãe, realizou seu sonho, com muita batalha e perseverança, depois meu irmão mais velho foi buscar o sonho dele e levou os meus outros dois irmãos, para apoio moral e força física. Depois minha irmã, que chorou, se descabelou, cantou, riu, fez de tudo para conquistar um espaço onde ela queria, e eu pensando por que eu era a única que não conseguia realizar um sonho (no meu caso era ter um sonho)?

Mas eu não tinha sonho, quer dizer, agora eu tenho, por que eu me dei conta que eu tenho vontade de evoluir, de pegar técnicas, de ter conhecimentos suficientes para poder escrever sobre tudo e mais um pouco, tenho o sonho de escrever e que todos pudessem ler, pois ninguém escreve pra ninguém ler (só no caso de diários e afins). Sim, estou praticamente decidida que eu quero fazer faculdade de jornalismo, fazer um bom curso e me esforçar para recuperar o tempo perdido, aquele tempo que eu andei sonhando em ter um sonho!

Não posso negar: agora que eu tenho um sonho eu estou um pouco insegura sobre o que fazer com ele, mas talvez até seja normal ter essa incerteza, por enquanto. Eu acho que eu já dei dois passos pra frente e muito importantes contra essa insegurança (um blog e inscrevê-lo no concurso da revista Capricho), mas eu estou com medo de falhar, medo que de repente esse sonho seja frustrado ou simplesmente da noite pro dia se dissolver na minha mão como uma pedra de areia e não conseguir fazer nada contra isso.

Da onde vem esse sonho? É a jornada de uma menina sem sonhos para uma mulher com sonhos e ao mesmo tempo com os pés no chão e decidida. Tudo começou em novembro do ano passado, quando uma professora de português chegou a escola para dar um curso com umas cinco ou seis aulas (chamadas de Laboratório de Redação) para alguns alunos somente, os alunos que foram "convidados". No primeiro encontro lemos um pouco e a professora pediu para que terminássemos o texto que ela passou do nosso jeito, usando nossa criatividade, fiz o que ela pediu e fiquei tranquila, mas nada em especial. Na outra semana, na aula, ela nos deu uma apostila explicando as regras e como se construía uma crônica, e era pra gente fazer uma crônica seguindo os padrões escritos lá, sobre qualquer coisa, real ou não, mostrei pra ela uma prévia, um rascunho, ela leu e achou interessante, apontou alguns erros, mas disse que uma passagem foi bem escrita por que dava ênfase a crônica (algo assim, sem aquela frase, a crônica não estaria completa!), levei pra casa, e fui escrever o que faltou.

Na outra semana eu não compareci a aula, mas pedi a uma amiga que entregasse a "Congraçando" para a professora, por não ter ido à aula, não ouvi nenhum comentário sobre o resultado do meu trabalho nem li nenhuma redação dos meus colegas naquela semana! Na outra semana, a professora me entregou a redação corrigida e com uns 8,5 de nota (ok, pra mim 8,5 é muita coisa!) ela me parabenizou, disse que estava muito bem feita e queria uma cópia e ainda mais: disse que se não tivesse me visto fazendo o rascunho, ela ia achar que eu peguei da internet. Foi a segunda coisa mais legal que eu ouvi sobre o meu pseudo-talento na minha vida, só não foi a primeira coisa por que meu amigo deixou um comentário no meu blog muito mais legal, ela fica com o segundo lugar, mas eu fiquei feliz de ter escutado aquilo da professora, isso por que pra mim, eu havia sido convidada para participar desse laboratório exatamente por NÃO saber escrever (grande dúvida eterna na minha vida: o motivo de eu ter sido convocada).

Todas as portas pra esse caminho pareciam estar fechadas pra mim, o caminho de escrever, mas de repente, eu mostrava pras pessoas, e elas gostavam, me elogiavam, e eu via uma energia positiva em minha direção, algo chegando cada vez mais próximo e um sonho, como se fosse um feto, nascendo. Eu estava quase conseguindo o meu sonho de ter um sonho.

Meses se passaram, as pessoas continuavam a elogiar o Congraçando, mas eu não tinha nada em mente pra poder sustentar esse sonho que começou a se nascer, então ele foi se fechando e um dia, de repente, depois de ver que o sonho que mal tinha começado a se formar estava indo embora e somente por que meu estado emocional não estava bom, então eu resolvi escrever. Abri minha agenda e fiz uma história de um cara normal e uma menina não tão normal assim (igual a mim), ele era apaixonado por ela, e eram amigos, e um mistério/drama/romance envolviam os dois. Foi sem querer, sem técnica, sem experiência, foi um texto triste refletindo, talvez, o que meu estado de espírito, e um texto cansativo de se escrever e ainda mais de se ler. Um estilo crônica sem muitas regras e sem roteiro, uma tentativa de ter tanto sucesso quanto a primeira, mas "Ablaçar" não teve a mesma sorte. Não tive muito público, não acho que foi um trabalho mal feito, mas acho que ficou um pouco repetitivo e deixou de ser novidade, era apenas um texto de autoria de uma menina sem técnicas e que falava da mesma coisa de sempre.

Mas eu não desanimei quando eu vi que o resultado não foi o mesmo, gelei por uns tempos, mas tudo na minha vida estava dando errado, "por que isso daria certo?" eu pensava, eu estava me perdendo, confusa e triste com o mundo. Podia parecer bobagem pra quem via de fora, mas eu não conseguia escrever um parágrafo que fosse, eu não conseguia escrever nada que não falasse de coisas tristes e depressões, fazia desenhos tristes e suicidas, vocês devem estar pensando se será relevante esses detalhes. É sim! Eu caí, cheguei lá no MEU fundo do poço, mas eu consegui me reerguer, por causa de um sonho (claro que não só por causa dele, mas ele me ajudou) por que no meio de todo esse colapso, eu fiz um blog (dancing withmyself - original) para poder escrever o que eu tivesse vontade e colocar minhas crônicas, fazia posts pequenos, com músicas, e comentários tristes sobre mim, e continuava postando no meu antigo fotolog, e quando eu menos esperava, já que não tinha muito o que escrever em um post, me inspirei em Fernando Pessoa (" grande é a poesia, a bondade e a dança..."), que eu estava estudando na época na escola, e escrevi algumas palavras sem sentido, aliás, pouca gente entendeu até hoje, gostei tanto que comecei a escrever mais meu blog que não era muito alimentado, coisas minhas ou não, novas ou antigas.

Um mês depois dessa inspiração repentina, estava lendo a Capricho em uma viagem que eu fiz pra Andradina, para visitar meus irmãos, e eu vi um concurso que incluia um blog, alguma coisa assim, refleti bastante, afinal de contas, Andradina é um lugar calmo e sem muita coisa pra fazer, então, perguntei pra minha mãe o que ela achava, ela me incentivou. Pensei bastante e me decidi, finalmente, e descobri que se alguém quiser tomar uma decisão importante, vá para Andradina que lá terá muito tempo pra pensar nas suas opções. Em dois dias me inscrevi com um texto falando sobre Rótulos e dez dias depois eu recebi o e mail mais legal que eu já tinha recebido, eu fiquei tão emocionada, eu já havia perdido as esperanças e o prazo para a resposta estava acabando, eu fiquei tão feliz, quando eu vi o e mail "Você foi selecionada pelo Tudo de Blog" na minha caixa de entrada eu não consegui abrir sozinha, eu fui correndo pra minha mãe, a abracei muito emocionada, quase chorando de felicidade, ela veio comigo até o computador e abrimos e lemos juntas, estava tão feliz que só depois, mais tarde, eu pude tomar as devidas providências sobre o que eu deveria fazer. Eu preciso dizer que passaram milhões de coisas na minha cabeça... Será que muitas pessoas se inscreveram? Será que só se inscreveram 200 (ou pior: menos!)? Será que um dia meu texto vai ser selecionado? Mas depois nada mais me importava, eu tinha dado um grande passo e meu sonho não era mais um feto, ele já tinha aparência, voz, ouvidos e um nome: Dancing With Myself, só que agora eu não estava sozinha... e fui descobrindo que eu nunca estive!

Eu preciso admitir que posso não ter o talendo de Puddingdlait (.blogger.com.br - que por acaso é minha chará) nem tantas histórias maliciosas, intrigantes e sensuais como as de Melissa Panarello (autora de "Cem Escovadas Antes de Dormir", li esse livro ano passado, muitas histórias). Meu estilo é falar sobre o que eu tiver vontade de falar, sobre o que eu quiser falar, com exemplos da minha experiência e tentando transformar tudo em piada, afinal de contas, já fui chamada de Pagliaça (pagliuca+palhaça, pegou essa?! hã, hã!!), mas o meu tema favorito é o amor, o relacionamento, e adoro viajar muito quando o assunto proposto não me agrada.

Meu medo? Ih! Muitos medos! Ser clichê demais, me perder do assunto, não conseguir fontes de conhecimento (não sou a pessoa mais inteligente por aqui), falar demais e não ter quem queira ler esse muito. Minhas inspirações? Meg Cabot (autora da série "O diário da Princesa", já li uns dez livros dela, adoro e indico) e Liliane Prata (ei! eu não estou babando ovo dela só por que ela é da Capricho, ela escreve muito bem, você já leu o blog dela? E quanto à sua coluna antiga na Capricho?)

Um dia (há uns meses) minha irmã, a Josi, sonhou comigo e que eu havia publicado um livro, o nome dele era "Congraçando", nome da minha primeira crônica, e nas sacolas de uma livraria foi estampado a capa do MEU livro! Foi o sonho mais legal que alguém já pode ter tido comigo (ah! empatado com os sonhos que eu arrumo um namorado), imagina só, Congraçando por Gabi Pagliuca virar best seller? É, está mais do que decidido, quando eu lançar meu primeiro livro, ele se chamará "Congraçando por Gabi Pagliuca".

Pode ser que tenha gente que não tenha paciência de ler o que eu escrevo, talvez não tenha (ainda) a capacidade de falar brilhantemente sobre política, religião, ciência, evolução, corrupção e guerra, mas agora que eu já tenho um sonho intenso e verdadeiro, eu vou fazer tudo o que eu puder para conquistar leitores e para isso vou procurar competência onde quer que ela esteja, por mais profundo que esteja, eu sei que talento, eu tenho, isso tudo para eu conseguir gritar pro mundo inteiro ouvir os meus monólogos eternos sobre o amor (e o que eu tiver vontade de falar)!

Hoje me olho no espelho e vejo uma pessoa muito sortuda, por ter um grande sonho como este, um grande e bonito sonho, que fará todas as pessoas que me amam se orgulharem de mim, um sonho que me levará para novos horizontes e novas cores, novos sonhos apartir desse, um sonho que me faz levantar da cama todos os dias, um motivo pra viver. É! Eu estava certa, desde o começo, de ter o sonho de ter um SONHO, por que é uma coisa maravilhosa você sentir o vento tocar em sua pele por algum motivo (que não é um namorado, quem me conhece, me entende).