Sonolenta e quase chorando, seus sonhos e planos voltaram pouco a pouco em sua mente. Outro dia mesmo havia se deitado ao lado de seu homem, tirado as meias, mesmo com muito frio, e acariciado os pés dele com os seus. Tinha uma sensação diferente que não se lembrava nunca de ter sentido, ao tocar peito do pé em qualquer parte dele, nada sentia. Tocando-se nela mesma ou na mobília que deitava sentia frio, mas ao tocar nele, sentia nada, como se seu pé formigasse. Começou a pensar no que aquilo podia significar.
Lembrou de todas as vezes que sorriu pensando nele. Lembrou de todas as vezes que chorou pensando nele: poucas. Ao tirar o anel, que há tanto tempo usava, viu a marca. Marca de sol. Leu por dentro, tinha escrito uma data de 7 anos atrás… Era uma marca forte, ia demorar a sair, mas sairia, da mesma maneira que todos os planos e sonhos tinham ido embora, aos poucos.
Amor dói mas cura. Ela começou a pensar e viu que não é por que existe amor que planos tem que ficar pra trás, pra dar certo, deveria ter os dois.
Quando resolveu vestir seu roupão por cima da camisola de renda e correr pra porta que percebeu a besteira que fazia, então implorou que ele ficasse, que ele não fosse embora. Ela chorou, chorou muito. E ele ficou, de novo!