Para mim, é muito estranho falar de amor. Não que eu não tenha sentido, muito pelo contrário. Contrariando tudo o que eu era no passado quando eu estava apenas aprendendo sobre a vida, eu consigo, estranhamente, controlar o que eu sinto. Eu não sei se isso é bom, eu só sinto quando eu quero, monto todos os personagens e entrego a cada um, o meu script mental de tudo como eu gostaria que fosse.
Quando o que está no roteiro não dá certo, o que significa sempre, para mim é tão fácil que eu me assusto. Eu amasso e jogo fora. A minha decepção não é pelo romance que não deu certo ou o amado que não me ama, muito menos porque não aconteceu como eu queria. A tristeza é de acontecer o oposto do esperado.
Eu não ligo se sair alguma coisa errada, se nem todos os personagens agirem como eu programei. Se cada palavra for dita com a paixão e a atenção que eu desejo, o conteúdo não me importa tanto. Talvez se as coisas acontecessem de formas diferentes do previsto, de maneira que até me fizesse um pouco surpresa, acho que seria até muito mais interessante.
Eu não posso prever o que cada pessoa vai sentir e o que cada um vai dizer. Não consigo fazer com que a outra pessoa se apaixone exatamente do jeito que eu quero, mas o mais estranho de tudo é que eu consigo, sem dúvida nenhuma, fazer dos meus sentimentos o que eu quero e o que a outra pessoa espera, se eu souber o que é. Consigo controlar meu sentimento como se fosse um fantoche.
Consigo amar e desamar como um passe de mágica se a pessoa não estiver disponível ou se eu me der conta de que ela não era o personagem que eu inventei para que nós dois déssemos certo. Será que estou errada em fazer isso? Será que eu posso me magoar assim? E se na pior das hipóteses, eu magoar a outra pessoa assim? Isso tudo é um jogo? Eu estou ganhando? E se saber jogar significa que eu não sei amar?