397361_317512391612923_121185991_nAndei pensando em um assunto muito clichê e gostaria de compartilhar com vocês. Desde que eu fiz meus dreads eu tenho ouvido algumas coisas engraçadas. Só para constar, já que ninguém é obrigado a saber, os dreads são vários nós no cabelo. E outro dia uma amiga minha disse: “porque você não passa pelo menos um creminho no seu cabelo?”.
 
Ok, aquilo foi engraçado porque, mesmo que ela não saiba, eu tinha comentado como cuidava da juba: só shampoo, de preferência anti-resíduo e até sabão de coco serve!
Mas… se eu passar um “creminho” no meu cabelo… os dreads ao invés de ficar presos, eles vão se soltar. E porque eu gastei 8 horas e $$ fazendo esse “penteado”? Eu não fiquei brava nem nada, só achei hilário. Ri e ignorei, porque nem sabia o que dizer. Quer dizer, acho que disse: “não pode, Fulana, porque se não o dread sai”.
 
Nessa mesma época eu fui viajar e pedi emprestado um sabão de coco para a pessoa que me hospedou, para minhas amigas disse que era pro cabelo. Uma delas olhou pra outra e começou a rir, a outra devolveu com uma risadinha tímida. Dessa vez eu ignorei mesmo, as pessoas simplesmente não entendem o que é diferente delas.
 
Para minha sorte, nesse MESMO dia, uma das meninas apareceu depois do banho com o cabelo todo embaraçado e cheio de nó, com um pente na mão, aflita se conseguiria ou não pentear o cabelo a tempo de sairmos.
 
A outra amiga ficou “cho-ca-da”, perguntou porque ela não tinha passado condicionador e ao ouvir a resposta, que era mais ou menos “eu não uso condicionador”, abriu a boca e ficou olhando com uma cara perplexa: “eu não acredito que você não usa condicionador”. Cara, aí que eu entendi porque essa minha amiga não tinha ficado tão chocada com o fato de eu usar sabão de coco no cabelo… ela era diferente também.
 
Antes dos dreads, eu não penteava meu cabelo. Se eu não penteava ele ficava médio, se eu penteava ele ficava horrível. O que vocês acham que eu preferia? Mas as pessoas acham mesmo que todo cabelo tem que ser lavado com shampoo e condicionar, todo mundo tem que pentear e ser igual a todo mundo. Só porque alguém disse uma vez que os cabelos precisam ser sedosos, brilhosos e com movimento, todo mundo aceitou, assim?
 
A gente gasta a maior grana com essas coisas de cabelo. Meu dread também não foi de graça, mas pelo menos não to usando condicionador, o que é uma super economia. Minha pergunta é porque temos que ser iguais. Se cada um é cada um… deixa cada um fazer o que quer.
 
E quem acha que eu estou falando APENAS sobre cabelo, está totalmente enganado. Quem já se pegou fazendo coisas só porque todo mundo faz? Ouvindo músicas que todo mundo ouve, ou que o rádio impõe?
 
Ou… porque temos que dar nosso primeiro beijo ou ter nossa primeira vez só porque todos nossos amigos já fizeram isso? Acho isso ridículo, cada um sabe seu tempo e cada um sabe o que faz cada um mais feliz.
 
Muita gente sai por aí beijando todo mundo só pra provar algo pra alguém, mas esquece de valorizar o que realmente sente. Ou também ao contrário, já pararam pra pensar? Alguém que gosta muito de beijar e seria mais feliz beijando todo mundo, mas não faz por medo de ser julgado pelos outros?
 
E sei lá, tem também esse negócio de moda. Tudo bem que as vezes a gente acha mesmo algo na moda bonito, mas porque só usar quando tá na moda? Não pode usar também quando sai a moda? Não entendo, não entendo. E tem modinhas TÃO feiosas, não acham?
 
Por outro lado, a gente tem OBRIGAÇÃO de ser diferente. E com essa tentativa de ser diferente as modas nascem e as pessoas vão mudando de gostos pra ser diferentes porque hoje em dia, quanto mais diferente você for, mais legal é, mais aceito e mais igual… porque é isso que as mídias passam.
 
O que você acha das roupas que o personagem do Fiuk, Bernado, usa na Malhação? Sei lá, pra mim não é diferente, é igual. Olha os caras do Cine ou o cara do Guitar Hero! Mesmas roupas. Meeeesmo cabelo. Aquilo é ser diferente? Então me diz o que é ser igual? Acho que os diferentes agora são os playboys/patricinhas.
 
Fazer as coisas só porque os outros fazem, ter o que os outros têm. Estou cansada disso. Se meu cabelo é diferente do seu, porque eu preciso usar o mesmo produto que você? Nem adianta dizer que o seu é pra cabelos normais e o meu é pros secos, porque é tudo o mesmo objetivo: vender.
 
Nunca precisei fazer o que as pessoas “descoladas” da minha idade fazem porque eu conquisto a amizade deles de outra maneira. Sempre fiz o que achei certo, sempre gostei do que eu realmente gostei. As vezes dá vergonha, mas a maioria das vezes eu sou sincera quando falo do que eu gosto. Não me lembro de nem uma vez que eu me senti deslocada desde que comecei a lidar bem com isso. Antes, quando eu fazia o que os outros faziam, quando eu deixava de fazer ficava triste. Agora eu faço o que eu quero – e isso é perigoso, mas gostoso.
 
Por isso, meu apelo de hoje não é pra sermos diferentes e nem pra fazer o que eu estou falando só porque eu tô falando. Meu apelo de hoje é que vocês reflitam sobre o que eu disse, conheçam mais coisas do mundo (a internet tá aí), que pensem por si mesmos, que saibam porque fazem as coisas, não façam só porque é senso comum, porque tá na moda ou porque é normal pessoas fazerem isso. E o mais importante: que não tenham vergonha do que vocês gostam, porque quando pararmos de ter vergonha de nós e de nos julgar, vamos aprender a não julgar os outros e todos poderemos ser felizes com o que gostamos.
 
O problema não é ser igual aos demais, o problema é ser mais um robô.