Com tantas pessoas por metro quadrado nas grandes metrópoles, é inevitável que, com freqüência e de várias formas diferentes, elas sintam seu espaço invadido e percam a paciência: no trânsito das 19 horas; quando um menino de rua assalta alguém ou quando duas pessoas querem a mesma última caixa de sabão em pó em promoção. A melhor solução não é ficar acomodados com o caos e sim pensar em como melhorar para que todos se beneficiem.
A primeira atitude para que a violência acabe é urbanizar melhor e industrializar mais o interior dos estados. O governo deveria implantar faculdades públicas de qualidade e incentivar as particulares a implantarem campus também em mais dessas cidades. Além do terceiro grau, elevar o nível da educação do primeiro e segundo também. Com essas medidas, os jovens poderiam ter mais alternativas para “criarem raízes”, diminuindo, em longo prazo, a aglomeração nas capitais.
Ainda com as pessoas melhor distribuídas pelas cidades, existem as que não conseguem fixar-se em um emprego por muito tempo. Fatores para o desemprego são vários: idade; pouca ou nenhuma formação; pelos dois itens anteriores ou por falta de oportunidade e perseverança. Para que todos consigam trabalhar, é necessário que o terceiro grau seja acessível para todos, afinal de contas, quase não existem mais trabalhos nas metrópoles que a pessoa use totalmente sua força física por causa da tecnologia das máquinas. Quando não houver mais aglomeração e a maioria das pessoas estiverem empregadas, será necessário investir de vez na educação infantil para que o ciclo não se quebre e os futuros jovens e adultos façam boas faculdades e tenham melhores empregos.
Mesmo se todo mundo estiver estudando e empregado, sempre haverá pessoas que se acomodam com o jeito que estão e isso teria que mudar para combater a violência urbana, porque se, por exemplo, há pessoas que não querem trabalhar e roubam, mesmo que para se sustentar, o ciclo de boa convivência estará sendo quebrado. Mas, quanto mais dura a pena a que essas pessoas forem submetidas, pior será quando elas saírem, então uma boa alternativa é uma pena mais construtiva do que severa. Essas pessoas teriam que passar por uma avaliação psicológica mais aprofundada, ter uma profissão e ser inseridas no mercado de trabalho, se não o ciclo vicioso vai continuar.
Acabar com a violência urbana é uma tarefa que exige muito estudo e investimento. Exige também que cada pessoa coopere, o que é o mais difícil por vivermos em um mundo individualista. Em uma cidade como São Paulo, por exemplo, ao desconcentrar a população das capitais, podem-se aliviar problemas como o trânsito, o desemprego e a pobreza. Educando melhor as crianças, estaríamos abrindo portas para adultos empregados, que sabem pensar e criticar e que possam passar seu conhecimento para quem tem algum tipo de privação. Dando oportunidade para que todos possam desfrutar de seus direitos de liberdade e igualdade e nos tratando, como consta na Declaração dos Direitos Humanos, com espírito de fraternidade, sem precisar invadir o espaço alheio de nenhuma forma.