Ontem a família inteira se reuniu depois das dez… Na verdade, nossos pais moram em outra cidade, quer dizer, então, que todos que moram aqui comigo se reuniram. Ah! E essa foi a ocasião. Meu irmão gêmeo viajou pra passar o dia das mães com nossa mãe, voltou ontem e trouxe nossa irmã, que não mora com a gente. Era, do mais novo pra cima: meu sobrinho, namorada do meu irmão, eu, meu irmão gêmeo, meu namorado, minha irmã, namorada do meu outro irmão e esse irmão. Todos os irmãos e respectivos namorados na sala, conversando sobre andar sem carta nessa cidade. Claro que família por ser quem a gente escolhe ou não. Senti, mais uma vez, em figura inédita, algo que senti muito pouco em minha vida, acho que só no aniversário de 18 anos meu e de meu irmão, antigos Natais e dia das mães, um calorzinho com vontade de fazer nada, só ficar ali vendo televisão e falando sobre nossos filmes preferidos. É por isso que eu queria que todos os dias fossem Natal, sabe, todo mundo reunido, você falar com quem da família você quiser e quando quiser. Conversar se quiser, se não quiser, só dar bom dia e um beijo. Ah, sabe, beijos entre familiares é muito importante, por exemplo, minha mãe me ensinou que sempre, mesmo se um estiver zangado com o outro, que desejem um ao outro boa noite antes de dormir e dêem um beijo de tchau, o destino pode pregar peças e nunca se sabe o amanhã. Mas quando a família se reúne depois que todo mundo já não está em idade escolar é sim ocasião especial pra fazer um jantar ou tirar fotos. Porque, no fim das contas, as pessoas que chamamos de família serão as únicas que pra sempre viverão com a gente e lembrarão sempre quando andávamos de bicicleta nas madrugadas do Rio de Janeiro, ou as baladas de São Paulo.