Ângelo vai saber que é um menino, que por ter os órgãos que nascerão com ele, tem privilégios na sociedade. Vai saber como é ser tratado como um menino, embora eu mesma me proponha a tratá-lo apenas como um bebê, por ora.
Ângelo vai ser encorajado a abrir mão de qualquer privilégio por ser um menino, estimulado a não querer perpetuar esteriótipos opressores e pensar além da caixa. Vai entender as diferenças e respeitar. Vai aprender a tratar as mulheres.
Ângelo vai usar cores de criança, não cores de menino. Brinquedos de criança, não de menino. Atividades de criança, não de menino. “Coisas de menino” me feriu tanto, mas tanto, que jamais deixarei isso ferir meu filho. Ele é um menino livre!
Fundamentalmente, Ângelo vai ser estimulado a meditar (no tempo certo), se conhecer e descobrir com o que se identifica, quais características masculinas fazem sentido pra ele, quais não. Ângelo vai ser ensinado que todos possuem energias femininas e masculinas - da criação (podemos simplesmente nos lembrar que somos “óvulo e o espermatozoide”) - e que cada indivíduo se manifesta, a partir disso, como seu coração deseja.
Ângelo será estimulado a seguir sua própria forma de Ser, criar a sua forma de viver, pra cumprir sua missão. Vai poder fazer o que sentir vontade com sua própria masculinidade. Será estimulado a manifestá-la da mais nobre forma que puder, fazendo seu melhor. Será estimulado a ser um menino/homem bom.
E ele será livre, inclusive, para negar essa masculinidade. Livre, inclusive, pra não se identificar como um homem.
Será livre e saberá que corpos humanos são diferentes, que funcionam de formas diferentes. E que tudo bem, não há nada de errado nisso. Vai saber que apenas não precisamos nos limitar e viver sob esteriótipos.
Se sentimos algo bom sendo “diferente dos padrões”, devemos ir atrás do que nos faz bem. Devemos ser quem descobrimos ser. Ele saberá disso, ao menos será estimulado a compreender esse ponto de vista.
Sendo Ângelo quem for, será amado e aceito por mim, por quem o ama e por ele mesmo.
Ângelo... sinto que ele vai se identificar como um Ser de Luz que está vindo, junto com outras crianças de sua geração, pra mostrar que não é preciso brigar por nada, nunca. Que não é preciso impor nada. Que é necessário autoconhecimento, consciência, empatia e força de vontade para que nossa sociedade evolua.