--> 3 anos passaram-se e hoje tenho certeza que encontrei meu caminho, mas isso foi o primeiro passo!
É por essas e outras que nossos irmãos 1) são os melhores amigos do universo 2) te acompanham desde sempre, então sabem que você não é doida, apenas diferente.
"Queridos irmãos, boa tarde.
Vim falar um pouco da minha crise existencial... De novo, esse assunto chato? Pois é... Me desculpem, apesar de ter meus amigos, acredito que meus melhores amigos são vocês, aqueles pra quem posso falar o que eu quiser...
Minha terapeuta da época do colégio disse que eu tenho problemas com finais de ciclos... falando nisso, já estou passando por uma psicóloga... Estou no fim de um ciclo, na verdade, deveria estar no começo de um, mas esse meu sofrimento, acredito, não me deixa andar pra frente....
Sabe, nunca minha vida foi feita de certezas. Vocês sabem que nunca me dei bem na escola... sempre de recuperação, apesar de elogiada sempre por minha boa conduta. Sempre fui encaminhada para terapia... Nunca me tive a sensação de pertencer aos lugares...  Gostava de brincar com os meninos, mas eu era menina. As meninas gostavam de fazer umas coisas que nunca gostei muito: fofocar, se maquiar, se arrumar... Na adolescência tive minha fase de patricinha, mas durou pouco porque não gostava (lembra que eu usava boné? patricinhas não usam boné!).  Eu nunca aceitei os chefes das turmas, meninos chatos que praticavam bullying com quem era diferente (ou seja: todos), não ficava quieta e acabava arrumando encrenca. Foram anos terríveis, se vocês lembram.
Quando chegou a hora de eu escolher uma carreira, não sabia, mesmo. Decidi pelo Jornalismo. Dentro das possibilidades "normais", para mim, era o melhor que pude pensar. Decidi, então, que eu queria mudar o mundo e que poderia fazer isso dentro da área escolhida. As organizações que bem cumprem seus papéis na sociedade podem se tornar melhores a partir de uma comunicação bem estruturada... Por isso, quando eu resolvi que eu deveria continuar estudando, optei pelo curso de pós graudação em Marketing e Comunicação Integrada. Dentro das carreiras normais, foi essa que eu mais me identifiquei...  Afinal, gosto de redes sociais, me dei super bem no meu TCC....
Mas.... quando eu paro, fecho os olhos e penso o que eu gostaria de fazer... não me vejo trancada em uma sala de escritório, fazendo estratégias de marketing para as empresas venderem... Então me pego em uma emboscada. Com 21 anos achava que o Jornalismo ia me satisfazer porque eu gosto de escrever, contar histórias.... Com quase 25 eu vejo que não sei o que eu quero.
Eu gosto do Jornalismo, eu gosto sim! Não me arrependo de ter me formado nessa faculdade... O problema é que o Jornalismo não é tão amplo como pensamos, não para pessoas jovens, sem experiência...  Existe o Jornalismo Hard News, aquele jornalismo que pega as notícias e vão abordar personagens e lançam na internet, TV, rádio... Mas não gosto. É muita tragédia, é muita guerra, muita ganância, pouco amor. Existe o Jornalismo cultural, esportivo, gastronômico... Mas eu não gosto de nada específico ☹️
Por isso que pensei que talvez esse fosse meu destino, sabe, trabalhar com comunicação organizacional, para tentar mudar o mundo.... Mas eu estou errada, isso não vai acontecer. Não posso mudar o mundo se eu mesma não estiver feliz, se eu não melhorar o meu mundo. Eu não quero me acostumar com a vida assim, eu ficando trancada em uma sala na frente do computador mexendo em redes sociais, planos estratégicos e lidando com competição, dinheiro, etc...
Vocês percebem que não me destaco em nada? Vocês sabem disso. Não adianta falarmos que sou boa com computador, porque não sou destaque. Não adianta falar que sou boa em redação, porque não sou destaque.
Eu acredito que me destaco, sim, em tudo que me disponho a fazer. Isso sim. Mas não me destaco em nada que eu tenha paixão, tesão.... simplesmente porque ainda não sei o que me faz ter isso.
Neste momento que lhes escrevo, na verdade, estou lendo um artigo que me interessa muito. Pode parecer loucura, e na verdade é. Trata-se de comunidades alternativas. Lugares em que se vive com pouco - material -, mas com muito. Eu já havia conversado com uma pessoa que conheci sobre esse estilo de vida.
Aqui está o link completo, mas eu copio aqui umas partes mais interessantes que encontrei. Não preciso explicar, são auto-explicativas, com certeza vão me entender.
http://www.sunnet.com.br/home/Noticias/A-Comunidade-Alternativa.html
Acreditamos que um dos maiores motivos de formação comunitária se deve ao "inconformismo"com o sistema vigente em seus múltiplos aspectos: social, econômico, religioso, educacional, cultural e espiritual. Quando vemos que um sistema já não nos satisfaz mais, criamos um sistema paralelo para substituí-lo e é que o que denominamos de "alternativo". A revolta interna em relação ao que acontece externamente, a busca de soluções, a experiência com o sistema vigente conhecendo suas deficiências, a injustiça social e econômica, a educação intencionalista para o sistema consumista, etc. A pressão familiar, das religiões e da sociedade, as escolas, a necessidade econômica, a pressão comercial e industrial, a poluição em todos os sentidos, a falta de humanismo, de espiritualidade, a falta de tempo útil para as artes, a cultura e o desenvolvimento interno; enfim, uma série de razões fizeram e fazem (e farão) com que surjam sistemas alternativos.
Também não sei se é isso que quero, mas pelo menos trata-se de pessoas como eu, inconformadas com o sistema vigente e que não querem a solução mais fácil: aceitar.
Realmente, é muito difícil para mim. Eu não sei o que quero, o que preciso, quem sou, para onde vou. Só sei que viver dentro desse sistema "normal", não quero, não posso. Gostaria de poder fazer algo não tão radical, mas que não seja isso que sei que não quero.
Algo que eu faria, se eu pudesse, é sair pelo Brasil e pelo Mundão escrevendo o que vejo... Mas é isso que digo dos jovens, sem experiência: necessidade de patrocínio, e só os tem quem gera confiança, normalmente com carreiras sólidas...  Isso sim é uma possibilidade para mim. Fazer alguns projetos e sair pelo mundo. É um plano dentro da área de escolhi para mim... lógico que dá medo. Vou viver do que se não encontro patrocínio? Como vou viver? Com quem? Longe de todo mundo? É, né... Portanto, o que parece uma decisão fácil, não é.
Como vou viver, e não apenas existir, ocupando meu tempo integral com coisas superficiais (para mim)? Como vou encontrar minha paz, sem tempo de pensar, porque a sociedade existe no lema "viver pra trabalhar e trabalhar para viver"?
Também sei que vocês provavelmente não podem fazer nada para me ajudar, mas gostaria de compartilhar minha dor, meu sofrimento, minha crise espiritual... por que "alegria compartilhada é alegria redobrada", já sofrimento compartilhado, é sofrimento minimizado. Acho. É mais um desabafo. Não sei o que faço ☹️
Amo vocês.
saudades.