Parte das horas que estamos felizes, está relacionada com aquilo que sempre sonhamos e se tornou realidade. A gente ouve música e assiste vídeos e pensa que nunca vai acontecer com a gente. É... talvez não aconteça porque “felizes para sempre” às vezes pode ser muito chato.
Na ficção, também, não sei porquê, os meninos e as meninas nunca têm muita personalidade, só fofura e beleza. Pra que queremos isso pra gente? Não sei, mas a gente quer. Um dia eu parei de querer isso, fui muito mais feliz a partir daí.
Estava pensando nisso tudo enquanto eu andava pela praia no fim do ano. Passeava sozinha ouvindo músicas quase na hora pôr-do-sol. Como toda vida real, nada parecia acontecer. Enquanto o vento batia, eu sentia meus cabelos enrolados voando, algumas vezes eu até esquecia dos nós que tinham neles. O sol batia fraco, fazendo as marcas de espinha no meu rosto não aparecer tanto. Isso tudo me fez me sentir bonita, o que pouco acontece.
Fui pro mar molhar meus pés. Deixei meus irmãos lá na casa pra andar, pensei que podia encontrar alguém pra conversar, alguém da minha idade pra indicar músicas ou dar um beijo no pôr-do-sol, mas a realidade era boa, mas não era perfeita.
Foi aí que eu percebi que não tinha problema não acontecer. Eu estava feliz, me sentindo bem e o que tem de mal não ter uma história romântica pra contar? Eu me sentia bonita e feliz de verdade. O que mais precisava?
Então, resolvi sentar pra ouvir o mar e a música e ver o sol indo embora dormir. Pensei que tudo estava perfeito. Logo encontraria meus amigos pra beber e rir, o que mais eu precisava? Dei um sorriso pra mim mesma e fechei os olhos.
Minha vida é ótima, pensei. Foi aí que alguém sentou ao meu lado. Abri os olhos num susto. Sorri pra ele, envergonhada. Ele me deu oi, eu respondi. Ele era bonito, tinha um sorriso lindo. Ele elogiou meu sorriso, tremi, enrubreci. Perguntou meu nome, respondi.
Conversamos um pouco, ele se chamava João. Disse que me achou bonita. Talvez eu estivesse mesmo bonita, afinal, estava serena e contente. Mesmo que minha auto estima seja baixa, às vezes me acho bonita. A gente conversou por um tempo, até que eu percebi que os últimos raios de sol se escondiam.
Ele continuou me elogiando, e eu morrendo de vergonha. Ele me apresentou aos amigos dele, que estavam jogando bola ali do lado. Eu disse que já era hora de ir, mas não queria. Ele era divertido. Pediu meu telefone, eu dei. Ele disse que ia me ligar. Então me pediu um beijo, eu dei.
Ele me acompanhou até minha parte da praia, andamos de mãos dadas e tudo mais. Disse que ia me ligar mais tarde e me ligou. Saímos mais duas vezes enquanto estive de férias na praia, mas ele é do Rio e eu de São Paulo, então nunca mais nos vimos.
Levei boas recordações, me diverti e olha que eu nem sou artista de filmes de amor, mas entendi que todos, até aqueles que nem se sentem tão perfeitos, podem viver um sonho que parece que não vai virar realidade... mesmo que não seja para sempre.
UPDATE 07/01/2014: Isso é apenas uma crônica, mas há um moral da história: - esqueça padrões, encontre sua própria beleza; - seja feliz do jeito que você é, aceite seus defeitos, mostre suas qualidades; - quem está feliz consigo, está aberto para ser feliz com outro; - meninas normais também podem ter histórias românticas para contar & - príncipes encantados não existem, mas existem os caras perfeitos para cada uma de nós.