Quando comecei a “frequentar” redes sociais que davam a opção de colocar no perfil “tenho um lado espiritual independente de religiões” (Orkut) foi mais ou menos a mesma época que eu abandonei meu rótulo de católica. Não tentei outra. Não fui em busca de centros espíritas, igrejas evangélicas nem procurei o Candomblé. Simplesmente comecei a adotar o “lado espiritual independente de religião”. E esse lado me fez questionar o que é certo e o que é errado, de acordo com as leis do homem e de Deus (eu acredito em Deus, você pode acreditar no que quiser e ainda se identificar com esse post, porque eu não falo de religião como instituição).
Não que religião seja ruim. Não é. E esse post não é para te convencer do contrário. Apenas não é uma escolha minha, mas respeito totalmente se é uma escolha sua. Eu gosto de me sentir livre para acreditar em tudo o que eu quiser. Não gosto da ideia de alguém me dizendo para não acreditar em algo que acredito, que faz sentido e tenha lógica pra mim, só porque alguém disse que não. Liberdade. Eu adoro liberdade. E como eu gosto de liberdade, comecei a pensar nela, de um tempo pra cá. Liberdade é fazer tudo o que queremos, sem pensar em mais nada? Será? Como tomar decisões certas?
Gosto tanto de liberdade que já bati boca com um francês porque ele disse coisas super preconceituosas sobre homossexualidade e mencionou que um colega “negro, assim, como eu”, que era vegetariano e budista “onde já se viu... negro e budista?”, disse ele que era a mesma coisa de um japonês começar a fazer macumba. Eu disse a ele que religião não tinha nada a ver com cor da pele ou lugar onde nasceu, religião tem a ver com fé e o que está dentro do seu coração.
Aqui eu não digo o que é certo e o que é errado, porque na verdade não há verdades absolutas. O problema é que às vezes algo nos é imposto e não entendemos porque e nem concordamos com isso. Aí que entra a liberdade. Nossa sociedade está cheia de tabus, crenças e principalmente julgamentos que não fazem sentido, pra mim. Há muitas atitudes que tomamos e que não faz mal pra ninguém, mas a sociedade julga. Há pessoas que ficam sempre julgando o próximo e param de pensar em si.
O quão vazio é um ser que vive para criticar os outros? E a religião ajuda muito isso. Não todas e nem todos os religiosos, mas alguns que incomodam por muitos. Tenho amigos que sofreram ou sofrem por não seguirem um padrão que a religião e/ou sociedade exige. E sabe o que é o pior? Muitos deles, as próprias famílias são as que julgam, sendo que essas são pessoas de corações maravilhosos e que eu, no meu humilde julgamento, acho que vão para o céu muito mais rápido do que os parentes deles que os julgam. Muita gente que vive aparentemente sob regras divinas, mas por dentro estão cheias de ódio, rancor, raiva, infelicidade, inveja... É isso que Deus quer?
Tudo o que acredito, e cada vez mais encontro exemplos de pessoas, é que o que vale é nosso coração e nossas intenções. Não importa se parece boa intenção, Aquele que nos vai julgar (seja lá qual for sua crença) não se importa com aparências. E por isso que devíamos usar mais de nossa consciência/coração e do nosso bem para espalhar o amor em nossas atitudes. Deus não está nem aí se você sai com seus amigos para uma festa se você não está fazendo nada de "errado", se seu coração continua puro.
Ah, falando em pureza, outra coisa. Eu adoro a pureza! Mas não a pureza da maneira que é conhecida. Para mim, de novo na minha humilde opinião, é muito maior que virgindade, celibato ou qualquer outra coisa socialmente imposta. Para mim, humildemente, pureza está em todas as pessoas que buscam a paz, que transmitem o amor, que tentam controlar seus sentimentos dentro de si. Não que os exemplos de cima não fazem parte da pureza, podem fazer sim, se você pensa assim. Mas é um conjunto. Não adianta você viver esperando casar para perder a virgindade sendo que toma atitudes que não condizem com a bondade citada anteriormente. Se o seu coração não está puro, nada deve adiantar a virgindade.
O que é certo e o que é errado? Desculpa... Eu não sei. Então como devo agir? Como você achar que é certo. Baseado na sua religião, na sua cultura, nas suas conclusões depois de refletir. Qualquer coisa que você achar certo... Não estou falando para sair matando todos que odeia ou agarrando todas as pessoas que te atraem no mundo só porque você acha que é certo. Há muitas coisas que nelas existe um porquê, outras que não. O que eu recomendo é que você coloque em uma balança o que você quer fazer e o que deve ser feito.
Às vezes a balança vai oscilar um pouco mais pra um lado: o que deve ser feito. Nem sempre o que temos vontade de fazer é o certo, às vezes magoa pessoas, fere você mesmo física e moralmente, aos outros também, às vezes vão contra nossos princípios. O melhor seria que qualquer coisa que te desse um pouco de peso na consciência fosse motivo de reflexão, porque a consciência pesada é o primeiro sinal que algo está errado. Mas não faça uma reflexão superficial. Não pense apenas nas consequências primárias, as mais óbvias.
Atualização em 18 de junho de 2017 motivada por quebra de paradigma sobre drogas e não quero manter um texto com ideias retrógradas no meu ponto de vista apenas para manter o texto original ou uma "aparência". Não seria o Gabitopia, então resolvi problematizar com muito mais profundidade sobre outro tema, ficou mais maduro, inteligente e com muito mais inspiração do Criador de Tudo que É, que me trouxe a atualizar mudando APENAS o exemplo, as palavras são as mesmas, provando que qualquer exemplo SEU vai servir:
Vou dar um exemplo de quando a balança oscila para o lado do "devo fazer": usar a energia do dinheiro para perpetuar algum tipo de opressão. Em vários momentos de nossas vidas temos a oportunidade de oferecer um trabalho doméstico a uma moradora de favela, consumir um serviço sexual de uma pessoa socialmente vulnerável, manipular a justiça em favor de si ou de entes próximos, tirar vantagens que prejudicam outros seres humanos que não possuem a mesma quantia desse dinheiro, sentir-se superior e mais evoluído social, emocional e espiritualmente ou simplesmente sentir-se MAIS por ter algo que o outro não tem e manifestar isso em atitudes.
Mas antes de tomar atitudes eu faço algumas perguntas: quais as consequências negativas pra mim? E para os outros? Meus pais aprovariam essa atitude? Por que faço isso? Necessito fazer isso? Mas também faço perguntas muito mais além, por exemplo: De onde vem esses comportamentos? Alguém específico ou algum grupo social vulnerável se feriu física ou emocionalmente com essa atitude? Que tipo de atitude eu posso ter com o dinheiro envolvido para, ao invés de atrapalhar, eu colaborar com a evolução dos outros seres enquanto também usufruo da energia do dinheiro para o meu favor? Estou dentro da lei? As pessoas com quem negocio nessas situações são boas pessoas? Como me sinto ao fazer isso? Consigo ter uma consciência tranquila? Se eu continuar fazendo isso eu perpetuo a opressão de seres humanos inocentes que eu nem tenho ideia quem são?
Normalmente eu chego a conclusões para tomar atitudes que não oprimem ninguém ao usar a energia do dinheiro e se acontecer, é um erro e precisa ser corrigido. Não seria certo. Feriria pessoas, magoaria e decepcionaria pessoas que eu amo. Então tomei minha decisão. Para mim foi certo, o que você acha? Se pensarmos apenas em prós e contras superficiais, as chances de só encontrarmos prós é muito grande. Para mim, as atitudes certas devem ser tomadas baseadas em muita reflexão e não só com argumentos primários e o que queremos dar. Temos que enfrentar a realidade assim como ela é: dura.
Mas outras às vezes a balança oscila um pouco mais pro outro lado, aquele que devemos fazer sim o que queremos. Muita coisa imposta por religião ou que são tabus sociais não fazem sentido nenhum, quando você sabe que está com a consciência tranquila. Caso você se sinta mal em fazer, não faça, mas se você quer e não vê problema, já parou pra pensar nas consequências, se fere ou não o outro ou a si mesmo, acho que você tem que fazer mesmo. Sempre com responsabilidade e também pensando no outro.
Quando a balança oscila para “o que quero fazer”: ir a uma festa com meus amigos, mas meus pais não deixam. Faz mal pra mim? E para os outros? Preciso fazer tudo o que todo mundo faz nessas festas? Meus pais aprovariam o que eu estou fazendo nessa festa? Vou me divertir de verdade? Quero fazer isso, por mim ou pelos outros? Mas também faço perguntas mais além: Eu vou me machucar? Sei me comportar? Está dentro da lei? Meus amigos são legais? Vou machucar alguém (eu) indo?
Mas acho que a maioria das vezes a balança vai ficar no meio. É aquele meio termo difícil de encontrar, mas que, sim, existe. O meio termo entre o que queremos fazer e o que se deve fazer. Abrir mão de alguma coisinha por algum motivo porque julga ser errado, mas também não deixar de fazer tal coisa porque é considerado errado por sua religião ou circulo social.
Meus exemplos são muito gerais, mas é só para que comecem a pensar. A festa do colégio, por exemplo, pode ser extremamente divertida, mesmo sabendo que nesses pequenos encontros que as coisas “erradas” começam a aparecer. Só porque você quer ir, não precisa fazer o que todos fazem, precisa? Porque não pode ir a festa e ficar com seus amigos e por exemplo, recusar uma bebida alcoólica? Esse lance de estar fora da rodinha é ridículo e já está fora de moda. Hoje em dia, quem exclui pessoas por não fazer o que todos fazem são os considerados “loser”. E se no seu grupinho não é ainda assim, você pode começar a propagar a ideia. Normalmente dá certo, tem várias pessoas que pensam que fazer coisas porque os outros querem é idiotice, é só olhar e conversar com as pessoas ao seu redor que você encontrará pessoas que pensam como você. 😉
Finalizando, então: para tomar atitudes corretas (mas lembre-se que somos seres humanos e amamos errar) temos que partir do princípio que vivemos em sociedade e sem essa não praticamos o que mais gostamos de fazer: socializar. Então nossas atitudes devem ser baseadas no nosso próprio bem - porque também fazemos parte dessa sociedade – e no bem dos outros. Pensar é difícil e meio chato no começo, mas depois que começamos a ver que pensar melhor antes de agir pode nos originar frutos deliciosos, você vai querer fazer isso toda vez. E lembre-se sempre que ninguém é obrigado a fazer nada por causa dos outros. Nem beber para ser legal no grupo nem deixar de ir para uma festa porque é pecado.