Sempre achei interessante andar de ônibus por causa das estórias que circulam por lá. Normalmente, não presto muita atenção nos assuntos por ficar lendo e/ou ouvindo música, mas o último papo me deixou com tantas dúvidas, que escutei o máximo que pude e ele me levou ao início deste post.

Uma moça jovem, aparentemente com 25 anos, conversava com uma colega, talvez um pouco mais velha: “fiquei sabendo do seu celular, que prejuízo, heim?!”. Num primeiro momento, achei que estava falando do aparelho, mas pelo o que consegui entender ao desenrolar da conversa foi o seguinte: a mulher perdeu seu celular e quando ligou para a central de atendimento querendo cancelar a conta, o consultor teria cobrado uma multa para que isso fosse feito.

Como achou um absurdo o valor cobrado, resolveu deixar como estava e comprou outro celular e outra linha, mesmo pagando sem usar a perdida. Tive certeza que não mesmo estava usando a linha quando comentou: “sorte que eles não estão usando mais do que o plano, não tem vindo nada a mais para pagar.” Minha vontade era interferir na conversa dando-lhe informações. Fiquei insegura por ser enxerida e não o fiz.

O que fazer num caso como o da moça? O melhor de tudo é manter-se informado (isso pode deixar comigo)!

A tecnologia usada na maioria dos aparelhos é a GSM (Global System for Mobile Communications), mesmo no mercado desde os anos 80 em outros países, no Brasil, a operado Tim trouxe apenas em 2001, essa geração já é bem conhecida, mas as pessoas ainda têm algumas dúvidas. Na prática, é uma maneira segura de “guardar” sua linha telefônica em um Sim-Card (Subscriber Identity Module: módulo de identificação do assinante), podendo remover quando quiser do aparelho e colocar em outro. Somente se for o dono da linha telefônica pode bloquear, cancelar, mudar de plano ou transferir sua titularidade. A tecnologia GSM tem muitas outras vantagens, mas essa é mais usada no dia-a-dia.

A diferença de bloquear e cancelar, é que quando você bloqueia, ninguém, a não ser você ou um representante legal, pode desbloquear, já que não é algo físico que coloque uma senha e libere, mas algo de um sistema, só depois de confirmar quase todos seus dados, o processo se conclui. Para voltar a usar é necessário um chip em branco, o antigo não teria mais utilidade e além de continuar pagando a conta, você tem um prazo para fazer essa mudança de Sim-Card. Quando, porém, você cancela uma linha telefônica perde-se o número, não precisa pagar mais a conta se vier nos próximos meses – só o que você já usou no mês vigente – e talvez, dependendo de seu plano e da operada, precise pagar uma multa para isso.

No caso da mulher do ônibus, ela devia ter pedido o bloqueio de seu chip e não o cancelamento da conta. Isso se faz com apenas uma ligação, de qualquer aparelho telefônico, até mesmo do fixo. É simples. O que o atendente devia ter feito era explicar à cliente que cancelar é diferente de bloquear. Pode ter acontecido da moça não saber se expressar e realmente pedir um cancelamento, e com isso receber a informação da multa. Uma dica é que mesmo se não souber expressar corretamente o que quer, tente explicar com todos os detalhes para o consultor, normalmente eles entendem. A única coisa que ficou clara para a cliente foi que quando completasse um ano de plano, ela poderia fazer essa troca sem pagar a multa, o que faz sentido se a pessoa vai cancelar e não bloquear seu chip.

O processo de desbloquear e usar a linha em outro aparelho não é complicado. Você precisa comparecer em alguma loja ou revenda da operadora, solicitar um chip em branco para colocar sua linha. Vão pedir para que apresente seu RG e CPF para comprovar que você é você mesmo – o que é muito bom para nossa segurança, não fique irritado – e cobrar o valor de um Sim-Card novo, o que varia de R$10 a R$20 e algumas operadoras nem cobram pelo serviço, apenas pelo objeto, para que eles não tenham prejuízos, também.

Toda operadora tem seu defeito. Na verdade, todas têm muitos, mas não significa que eles não se esforcem para conseguir novos clientes e manter os antigos. Uma boa forma de não gastar dinheiro com aparelho novo, se perder o seu, é usar qualquer um antigo mesmo, inclusive se for bloqueado para outra operadora, desbloqueio é gratuito se o aparelho já tem mais de um ano e é nosso direito. A única preocupação que se deve ter nesse caso, é que há aparelhos que não são compatíveis com a tecnologia que a operadora necessita, por exemplo, um aparelho que não seja quadriband,como é chamada a frequência, não é compatível com a operadora Vivo. Assim, o cliente precisaria comprar um que se encaixe nas exigências tecnológicas. Sendo cliente pós-pago, portanto, na maioria das vezes eles te oferecem novos aparelhos todo ano, mesmo se você não quiser, por isso vale a tentativa de entrar em contato com a operadora e pedir um aparelho novo que eles dão uma lista com os que você pode receber gratuitamente, mesmo tendo que se manter fiel por mais 12 meses com eles. Só que isso pode não funcionar nas lojas físicas, se você não tem “pontos” (cada operado tem seu programa de fidelidade) suficientes para trocar por um celular novo. Se isso acontecer, liguem na central de atendimento que eles conseguem vantagens extras como descontos em aparelhos ou até sem custo, e também bônus em mensagens e minutos. É impressionante como os call-centers fazem mágica se formos gentis com eles.

É importante lembrar que sempre que compramos uma linha telefônica pré-paga, temos que registrar, pelo menos, nosso CPF. E muitos outros dados, no caso de pós. Por isso, mesmo que seja um aparelho antigo e um número que você não faça questão nenhuma de manter e não tiver créditos, é sempre bom bloquear ou cancelar a linha, ou pelo menos um boletim de ocorrência, pela sua segurança, nunca se sabe onde esses aparelhos vão parar. Você não quer ser surpreendido pela polícia federal na sua porta te acusando de ligações de um presídio, não é?

E principalmente, o que eu temo em não conseguir frequentemente, é ter paciência com as pessoas do atendimento. Eu sei que às vezes parece que elas estão trabalhando quase obrigatoriamente, que existe gente estúpida e que não sabe trabalhar, mas também existem muitas normas a serem seguidas e o pobre consultor não tem autoridade para mudar, é claro que ele gostaria de ter, mas não tem. O importante é sabermos a diferença entre falta de atenção para com o cliente e falta de autoridade para resolver certo problema.