A última imagem que eu tenho dele é seu reflexo na porta do meu prédio. Foi a última vez que chorei por ele, que me passou pela cabeça que podíamos dar certo e não demos por culpa... sei lá... minha, dele... nossa...
Aquele seu reflexo era o que ele realmente era, que só pude ver agora. Nunca tinha o visto daquela maneira, canalha, mentiroso... para mim, era sempre meu par perfeito, com todos os defeitos de uma pessoa normal, mas não a ponto de me fazer sofrer daquele jeito.
O caminho inteiro de lá pra casa só respirei, só pude chorar ao olhá-lo pelo reflexo, quiçá ele nem tenha percebido as lágrimas que estavam misturadas com o suor de uma janela num dia de frio, muito frio que fazia em Madri naquele começo de noite.
Naquele dia, quando descobri as mentiras e histórias mal contadas minha reação foi “sorrir” apenas com a boca, sabe, aquelas risadas sem os dentes? E virar de costas. Andar muito, muito, muito rápido sem olhar pra trás... foi isso que me salvou. Se eu tivesse olhado pra ele teria dado de cara com o meu príncipe encantado.
E foi a imagem do reflexo que ficou na minha cabeça, a imagem de quem ele realmente é. Sempre achei que íamos dar certo, sempre achei que íamos estar pra sempre na vida um do outro. Mas ainda bem que eu descobri a verdade logo no começo... Antes, quando eu olhava pra ele, era bom olhar pra pessoa que eu amava. Nunca mais quis olhar. Nem se eu quisesse, não teria força, mas tenho certeza que pra sempre vou amá-lo.