Sabe que me deixa feliz tudo o que tem a ver com começar uma nova fase, mas me entristece saber que para começar algo novo e bom, tem que terminar algo, as vezes, melhor ainda.
Quando a gente é criança, nada termina, tudo muda. Tudo muda para melhor, quase sempre, não é por que realmente não acaba, mas é por que em nossas cabeças, nada é eterno.
Vamos nos tornando adultos, o passado na escola já não faz tanto sentido, afinal, dos trinta da classe, quantos ainda mantém contato? Três? Dois? Um? Cada um para um canto, uns começam a namorar sério – “chega de zoar” – outros se transformam em outras pessoas, mudam de turma, tudo se perde. E às vezes, nem pudemos dizer obrigada, ou adeus.
Mas acho que é para ser assim, não é?! Assim, eu quero dizer, dos meninos da sexta série do seu tamanho, esticar para uns 1,85 e engrossar a voz, aparecer pêlos no rosto, enquanto as meninas permanecerem do mesmo tamanho, com um pouco mais de brilho na boca, um pouco mais de peito, salto altos e decotes.
No fim da escola, aquela festa com pessoas que você conheceu anos antes, totalmente diferentes, as turmas, basicamente as mesmas, aquela que na quinta série era chamada de “zoada”, entra no salão acompanhada com as meninas mais populares da escola e dos garotos mais lindos, simplesmente linda para deixar todos aqueles que não acreditam, de boca aberta!
Mas nós vamos nos perdendo. Perdendo de quem você contou seus segredos mais íntimos quando era menor, perdendo as antigas paixões, aquelas que você pode procurar a vontade, mas nunca vai encontrar na Internet, livros etc. Perdemos, também, além das pessoas, as sensações.
Eu perdi aquela de quando o centro de São Paulo fazia 8ºC ou 9ºC, nas manhãs em que eu acordava as seis com vontade de ir para escola, me arrumava, sentia o cheiro de São Paulo amanhecida, encostava no portão de ferro gelado, andava olhando para aquele chão da avenida Higienópolis, por mais frio que estivesse, eu podia resfriar o calor dos beijos e abraços quando chegava no portão da escola, que ainda nem ao menos tinha aberto, mas que já tinha vários grupos de adolescentes, e o meu também.
Eu perdi também, aquela sensação do meio dia. O sol forte misturado com a fome e o cansaço, as longas conversas até em casa, os vários monólogos de como eu queria que “ele” se apaixonasse por mim, e de que maneira. Os antigos amores, que me levaram em casa, depois enjoava ou nos decepcionavam, mas nunca esquecemos.
A antiga turma. A velha classe. O melhor grupo para se fazer trabalhos de escola. Os mais inesquecíveis amigos… Pessoas diferentes, as pessoas que você ajudou e nunca mais as viu. Aquela pessoa que te ajudou e você nunca a esqueceu. Aquele certo garoto que puxava suas tranças, todos diziam que ia acabar em namoro, mas na verdade, ele realmente te odiava por algum motivo óbvio. Paro para imaginar como deve ser complicado encontrar a melhor de todas as turmas, afinal de contas, cada turma teve uma história diferente, experiências boas e ruins, peculiares.
Muitas escolas, dentro delas, classes, com elas, turmas ou ‘panelinhas’. Grupos rivais, os destaques - aqueles que nunca esqueceremos - as diferenças, os romances, as brigas, as amizades… Tudo fica guardado em uma parte de nosso ser, de nossa alma.
Acho que tudo o que passamos no período escolar forma nosso caráter, e não tem nada a ver com que escola você estuda ou as pessoas com quem você anda nela. O que faz mesmo a diferença é como você lida com tudo isso. O que você leva da escola, como trata os mais velhos, como ensina os mais novos, como lida com as pessoas que não são como você, com as que têm menos ou mais oportunidades.
Acho que é por isso que a escola, ou o estar na escola faz falta, faz a gente sentir uma nostalgia insaciável, é por que tudo muda e nada volta, bate um arrependimento de não ter feito ou por ter feito alguma coisa, que dá até dor de estômago. São as coisas da vida, pessoas vêm e vão o tempo inteiro, com o tempo, acho, nada disso deve importar mais, acho que os mais saudosos devem ser aqueles que têm medo do futuro, sei disso por que tenho dentro de mim exatamente o que escrevo, em comparação, tenho um exemplo dentro de casa que se joga de cabeça no que faz e mal se lembra do passado com saudade, mas sim com alegria.