Costumo dizer que a espiritualidade mudou minha vida. Sempre senti um vazio enorme no meu coração que não sabia explicar. Aos 18 anos, rompi definitivamente com a Igreja Católica, pois percebi que não me identificava com os dogmas e, principalmente, não concordava com a forma que igreja (pelo menos a que eu frequentava) propagava a palavra de Deus por meio do medo, e não do Amor.
Desde que me lembro, sempre tive tristezas repentinas – “crises de depressão” – por causa daquele vazio interior. Minha mãe, muito espiritualizada, sempre me pediu que eu procurasse Deus, independentemente da religião. Após algum tempo da ruptura e resistência, dei ouvidos a seus conselhos e me libertei dos preconceitos para iniciar minha busca pela espiritualidade, entendendo - finalmente - que isso não depende de religião e igreja.
A seguir, listo algumas atitudes que, no meu caso, definiram o início dessa jornada que não teve e não terá volta:
1. Desliguei a televisão e passei a vivenciar experiências fora da minha zona de conforto
A mídia funciona, em modo geral, assim: o conteúdo difunde medo e os comerciais vendem soluções para nossa infelicidade. Percebi que a realidade não está na televisão e sim nas nossas experiências de vida. Comecei a fazer trabalho voluntário e atuar profissionalmente em ONGs que lidam com problemas sociais e ambientais. Essa, pra mim, é a realidade que precisamos saber: a que podemos, com nosso trabalho, efetivar mudanças. Nenhuma grande reportagem, por melhor que seja, substitui a vivência.
Como a mídia tradicional já migrou para os meios digitais, precisamos escolher as fontes e procurar jornalismo independente e confiável. Não precisamos ignorar a realidade que não está ao nosso alcance, pois tudo serve para que possamos expandir nossa consciência, mas é necessário filtrar a fonte de conteúdo!
2. Comecei a focar em autoconhecimento
Após me “libertar” dos meios de comunicação tradicionais e viver a minha realidade fora da minha zona de conforto, passei a procurar mais em conteúdo sobre autoconhecimento que é, pra mim, a chave da felicidade e da paz interior. Só podemos ser interior se nos conhecemos bem. Muito desconforto acontece porque não estamos seguindo nosso coração e sim outras regras – talvez sociais, familiares ou religiosas.
Meus assuntos preferidos são relacionados a temas que possuo curiosidade como formas de aceitar a realidade (cruel) que vivencio, como posso melhorar meus relacionamentos ou qualquer conteúdo que me faça me sentir bem, incluindo entretenimento. Com esse conhecimento adquirido, eu liberto a sabedoria dentro de mim (que todos possuem) para que eu possa cumprir meu propósito mais elevado, em sintonia com o bem maior.
3. Comecei a praticar, conscientemente, a gratidão
Sempre me senti muito grata e, desde pequena, lembro de expressá-la a meus pais, meus amigos e terapeutas. Quando eu comecei a me dar conta do quão privilegiada eu sou, passei a ser conscientemente grata, todos os dias, pelo que sou, tenho e pelo meu potencial e praticamente deixei de reclamar!
Ser grato não significa felicidade constante, sem nenhuma alteração de humor ou eliminar os “altos e baixos” de nossas vidas – a gratidão é um ponto de vista. Por exemplo, ao invés de se apegar na dor do fim de um relacionamento, lembrar com gratidão dos momentos felizes que passaram juntos pode ajudar no processo de afastamento. Nenhum sentimento ruim deve ser ignorado. O sofrimento existe por uma razão e, por isso, deve ser abraçado por nós, mas não podemos nos apegar a ele. Toda situação tem um lado bom e até as mais dramáticas servem para nosso amadurecimento, evolução espiritual e expansão da consciência.
4. Assumi a responsabilidade por minhas escolhas e deixei o papel de vítima
Estamos acostumados a encontrar culpados pelos nossos erros e, principalmente, pelos erros dos outros. O conceito de culpa é péssimo, por isso prefiro usar “responsabilidade”. Tentamos sempre fugir da responsabilidade. No entanto, nossos sentimentos, relacionamentos e situações de vida dependem exclusivamente de nossas escolhas. Se não estamos felizes no trabalho, precisamos agir para mudar; se estamos em um relacionado que não é bacana, precisamos tomar a decisão de sair dele; se somos viciados em alguma substância, precisamos assumir o problema e procurar ajuda.
A melhor forma de exercitar o autoconhecimento é notando, em nosso dia a dia, o que nos faz infeliz, procurar uma alternativa e fazer escolhas com consciência, assumindo todas as responsabilidades delas. Errar é humano, mas assumir as consequências de nossas escolhas faz parte do nosso espírito e é ótimo para nossa evolução. E mais: só acerta quem tenta, quem procura alternativas e quem erra muitas vezes.
5. Comecei a praticar o não-julgamento: com os outros e comigo mesma
Passei a praticar consciente e constantemente o não-julgamento depois que assumi as responsabilidades de minhas escolhas. Passei a ter verdadeira compaixão pelas pessoas, pelos seus processos e suas dificuldades. Hoje, caso eu esteja em uma situação desconfortável, passo por um processo de autoanálise para verificar se eu posso mudar algo em mim para aceitar ou se eu preciso fazer escolhas para me afastar de tal situação. Além de compaixão, é necessário desenvolver o desapego, já que muitas vezes não mudamos por apego a escolhas feitas anteriormente.
No entanto, o melhor ensinamento que o não-julgamento me trouxe foi aceitar a mim mesma. Quando eu passei a aceitar que erro e que estou em um caminho de evolução, passei a respeitar muito mais meu tempo e me divertir no processo. Foco sempre em superar meus defeitos, mas sou muito mais feliz sem a pressão de ser perfeita. Concluí que não posso mudar as outras pessoas para que elas sejam pessoas melhores (pra mim), mas posso mudar a mim mesma com grande facilidade.
6. Passei a usar a opinião dos outros a favor da minha missão de vida
Quando estamos no caminho do autoconhecimento, as opiniões das outras pessoas passam a contar muito menos em nossas vidas. Precisamos, no entanto, respeitar as regras estabelecidas e manter um grau de “normalidade social” para que possamos cumprir nosso papel. Mesmo que lutemos contra alguma regra injustiça, precisamos cuidar de nossas falas para que não sejamos mal interpretados e para seguir com nossos planos.
Por isso, passei a usar a opinião dos outros para medir minha eficiência como pessoa social de acordo com a missão que estabeleci para minha vida, meu propósito maior. Uso a opinião alheia como um termômetro de eficiência: se estou muito polêmica, se machuco alguém com minha fala, se meu trabalho não está tendo um feedback positivo talvez eu esteja errando em meus métodos. Procuro não dar margem para que os outros me critiquem, mas quando ocorre, procuro usar as críticas como forma de aprimoramento e exercício de convívio social – praticando o não-julgamento, o amor incondicional, desapego, compaixão e buscando a felicidade baseada no bem maior.
Referências de conteúdo
Caso você não conheça, a seguir indico três canais de pessoas que me ajudam nesse meu processo (e talvez nem saibam o quanto são importantes!): Flavia Melissa, Gisela Vallin, Teal Swan (em inglês). Além deles, a banda Forfun também me emponderou. Por isso, postei ontem 6 músicas filosóficas que talvez você não conheça que podem te ajudar na expansão da consciência.
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