Tenho falado muito a frase "faça o bem sem olhar a quem" esses dias. Percebi que, muitas vezes, quando vamos ajudar alguém, entes queridos ou não, queremos controlar as ações de nosso "ajudado" e os resultados.

O problema, ao meu ver, é que não sabemos ajudar sem julgar, não damos apoio incondicional. Temos tanto medo que o outro não seja honesto, que ele vai se aproveitar da nossa boa vontade ou vai nos fazer mal e esquecemos de nos conectar com os outros sem interesse, apenas pelo prazer de ajudar, apenas porque é certo a fazer. Dessa forma, reflito: será que nós queremos ajudar genuinamente o próximo, ou queremos ajudar o próximo para que isso preencha alguma carência nossa?

Quantas vezes projetamos nossos medos e inseguranças em nossos entes queridos, sem noção da influência que um pai, irmão, marido ou amigo tem na vida dos outros. Claro que se alguém tiver a cabeça boa, não vai ligar e até vai aproveitar isso como alavanca. No entanto, uma crítica pode, às vezes, apertar o gatilho da insegurança nos outros de forma inconsciente e, no amor, queremos apoiar e somar, não acionar bloqueios.

Se queremos nos conectar uns aos outros, é importante que aprendamos a nos doar de forma incondicional. O ideal seria praticar a empatia para que possamos realmente ver a necessidade do outro na sua perspectiva e ajudar da forma que precisa efetivamente e não da forma que julgamos ser .

Resumindo uma história longa: quando alguém pedir ajuda e você puder ajudar, sentir que pode colaborar com o desenvolvimento daquela pessoa, apenas faça. Não fique se questionando se ela vai fazer mesmo, se ela está enrolando, se a pessoa está com más intenções.

Se você for a pessoa que está pedindo ajuda para qualquer coisa, não se faça de vítima, porque você não é. Se você precisa se algum apoio e não encontrou, foque em seu poder pessoal, afaste as pessoas que não te fazem bem e siga em frente buscando outras pessoas que realmente possam te apoiar.

Boas vibrações, com amor, Gabi.

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Vamos a duas situações para ilustrar:

1) O filho, já com uma formação acadêmica, conversa com seu pai sobre seus novos projetos, suas ideias e planos. O pai fica feliz e sugere que o filho faça um outro curso na faculdade, agora relacionado com essa nova área que o filho está explorando. O filho diz que não quer fazer outra faculdade, que há outros cursos ainda mais baratos e direcionados que podem agregar muito nessa nova fase dele. O filho fica feliz com a ideia de investir nessas atividades, mas o pai diz que não, que só vai pagar se for a faculdade, pois não acredita que cursos livres e investimento em projetos pessoais fará com que o filho alcance o sucesso que ele (pai) espera.

2) A esposa quer investir em ser autônoma, mas o marido não concorda porque o país está em crise e diz que a esposa está fadada a se afundar em dívidas e em problemas se ela seguir em frente. O marido afirma que 95% das pessoas estão com problemas financeiros e não acredita que a mulher pode fazer parte desses 5% que estão prosperando. O marido, inserido no paradigma da escassez por conta de suas próprias escolhas erradas, acredita que está fazendo um bem para a esposa, pois está apenas a protegendo de perder tudo e ficar na "rua da amargura".

Essas duas situações reais de exemplo mostram uma dificuldade muito comum de quem está criando projetos novos, arriscando em novas oportunidades.

O pai e o marido, de fato, só querem proteger seus amados. Normalmente os pais e maridos amam os filhos e as esposas e querem seu melhor. No entanto, nessas situações, nota-se que o pai está projetando sua verdade no filho e o marido suas crenças limitantes na esposa.

Para o filho, essa segunda faculdade não é tão importante. Há alternativas mais assertivas para ele cumprir seu papel no mundo e já está desenvolvendo, com ajuda do pai ou não. O pai, que cresceu em outra época e realidade, desconfia, encontra defeitos no projeto e nega o investimento. Direito dele, mas perde-se a conexão. O filho desanima de falar qualquer assunto do projeto com o pai, pois sabe que sempre virá crítica destrutiva.  Para o pai, apenas o caminho que ele conhece como seguro é válido, e só ajuda se for nesse caminho, sem conseguir confiar cem por cento no filho.

O marido, igual. Quer proteger a esposa para que ela não se  prejudique. O problema é que as pessoas não precisam desse nível de proteção. As pessoas precisam de apoio. A melhor proteção é oferecer apoio incondicional e ajudar a resolver os problemas reais, as dificuldades que a mulher realmente olha como desafio a partir de sua perspectiva.

O pai e o marido podem e devem apoiar apenas o que eles quiserem, ninguém tem obrigação nenhuma. O filho e a esposa NÃO podem desanimar por conta da opinião dos outros, por mais difícil que isso possa parecer. Se eles acharem que seus projetos valem a pena de verdade, devem seguir mesmo sem eles.

Mas e aí? O que fazer?

O pai é incapaz de confiar no caminho não-tradicional que filho está escolhendo porque não acredita que ele conseguiria ter sucesso se seguisse por ali. Se o pai conseguiu crescer apenas com um curso universitário, por que com o filho dele seria diferente? O filho, já dono de si, ignora a proposta de uma nova faculdade e segue sua vida sem o investimento do pai em seus projetos, com a sensação de que ele está ficando de fora de uma parte importante de sua vida, pois também não consegue conversar muito sobre os projetos com seu velho - afinal, o pai está programado mentalmente para ver todos os riscos possíveis e, claro, dar ênfase neles.

Já na situação do casal, o marido não aceita a decisão da mulher porque não quer arriscar, não confia na esposa o suficiente para ter certeza que ela vai ter sucesso. Ele, que passou por momentos difíceis e não conseguiu tirar lições positivas, ainda carrega o medo de não prosperar, a mágoa de coisas ruins que lhe aconteceram devido riscos, crise. Nesse caso, a mente do marido quer proteger, a todo custo, que novas situações ruins aconteçam. Como proteção, diz um enorme NÃO para a esposa, sem chance de mudar de ideia. A mulher, que já passou por algumas situações difíceis e mesmo assim conseguiu se re-erguer com bastante trabalho e determinação, sabe que tudo que ela sempre quis, conseguiu, insiste em seguir seu coração, sua verdade, seu tempo, mas isso pode gerar conflito com o marido

O que a mulher e o filho poderiam fazer, diante dessas influências? Aceitar, resignados, e não seguir seus corações? A influência que um pai e um cônjuge tem diante de um indivíduo precisando se apoio incondicional não pode ser mensurada. A pessoa, cheia de sonhos e planos, se não tiver uma cabeça boa, pode se identificar com as afirmações de seus entes e travar, simplesmente não seguir seu caminho. O pai ou marido, que ama a pessoa, acha que está fazendo um bem para ela, mas na verdade está ajudando a construir bloqueios e barreiras.

Queremos fazer isso? Como podemos nos conectar com os outros sem ficar construindo barreiras, mas pontes?

Empatia. Se o pai e o marido desenvolvessem mais a empatia, se colocaria,pm

Prazer, sociedade. Sim, quando falamos que "a sociedade influencia nossas escolhas" é muito disso. A sociedade é manifestada em situações como essa. A sociedade carrega uma crença enorme de que vivemos em escassez. Essa crença é super-divulgada pela mídia, perpetuada pela política mal feita por nós, cidadãos, e reproduzia dentro de nossas casas, escolas, igrejas, hospitais e mídias digitais. E nós, se guiados pelo inconsciente, iremos reproduzir verdades que a aprendemos, mas não é absoluta.

As opções da mulher seriam: aceitar, resignada, não investir em seu próprio negócio e encontrar um trabalho tradicional, que a ofereça um valor irrisório por um trabalho que ela não gosta, sentindo todos os dias que está vencendo sua alma? Não trabalhar e aceitar viver com o pouco que o marido ganha, em seu trabalho não tão bacana? Investir com medo de perder, calculando todos os riscos e torcendo para que eles não se manifestem (perdendo oportunidades de investimentos mais assertivos, feitos com fé, competência e amor), focando nos problemas e manifestando eles em suas vidas? E o filho poderia seguir o caminho que o pai traçou e culpá-lo por seu fracasso.

O ideal, nesses casos, é que a mulher separe suas crenças e das crenças do marido, estabeleça seus objetivos próprios e não conte com marido para criar sua própria vitória. O filho pode ignorar os conselhos do pai e trabalhar para conquistar seu espaço sem o "pai-trocício", sem contar com a ajuda ou apoio de seu pai.

Claro que, no caso de investimento de dinheiro, o dono do dinheiro tem todo direito de escolher onde vai colocar o dinheiro. O problema, nesses dois casos, não é o dinheiro, mas a atitude. A pessoa poderia não apoiar com recursos financeiros, mas nesses dois casos, o apoio moral também deixa de existir, pois não existe confiança incondicional no filho ou na esposa.

O problema não está na esposa e filho empreendedores, está no marido e no pai cheio de crenças limitantes sobre prosperidade, sucesso.

Seria muito melhor, para a felicidade da esposa, se o marido dissesse sim, acreditasse mais nela. Além disso, ele podia pegar todo esse medo transformar em precaução, cuidado e atenção, oferecendo não só o apoio moral, mas o apoio prático. Por exemplo, se o marido for bom de cálculo e na parte burocrática, pode jogar no mesmo time da mulher, ela sendo empreendedora, mas menos prática, apenas cuidando desse aspecto do negócio dela. Dizer não, não resolve o problema da mulher. O que resolve é ajudar, apoiar, dizer sim e ficar de olho em aspectos que ela, talvez, não olharia. A mesma coisa do pai: ao invés de ficar encontrando apenas fraquezas, confiar incondicionalmente no filho já ajudaria muito.

O "não" do marido é um grande não para a abundância, prosperidade, desenvolvimento e crescimento. Esse "não" é sinalizando de que ali chegou o limite, não há nada que se possa fazer, acabou, fim da linha. É um sinal de que esse marido faz parte dos 95% que fracassam. Mesmo, tudo isso, sendo motivando pelo simples medo da escassez, da perda. O sim da mulher é um risco. Pode ser que tudo esteja perdido, pode ser que não. Pode ser que haja erros, que serão transformados em acertos após aprender lições, depois melhorados para que haja outros erros e lições, até o fim da vida. O "sim" da mulher determina que o show tem que continuar, que há ainda caminhos, que ela é liberta, sem limites.

Pode ser que ela triunfe sem ajuda do marido, mas para isso ela precisa ter uma cabeça muito boa, pois a convivência diária influencia muito as pessoas. Se ela conseguir não ser influenciada pelo marido, em algum momento o marido pode perceber que realmente ela tinha razão, e começar a ter mais fé, mesmo que a mente dele acredite que não, que é impossível. Pode ser que ela não queira mais ficar com ele, porque sente que a postura dele impede o desenvolvimento dela, pois se o marido seguir com o não, pode ser que ela venha a desanimar também. Se ela tiver certeza do que quer, pode não querer se deixar influenciar. Mas se ela preferir ceder, deixar pra lá, sem vontade de entrar em conflito, querendo poupar o relacionamento, pode ser que ela tenha que escolher aquele emprego medíocre que não a faz feliz.

Essa é a influência da "sociedade" em nossas vidas. Um pai e um cônjuge são pessoas importantes na vida das pessoas e, como pais e companheiros, precisamos libertar nossos entes queridos de nossas crenças,  deixar que os outros vivam suas escolhas e, principalmente, apóie de forma incondicional. Garantias? Não há. Há apenas os riscos que todo grande ser humano já passou.

Se você é o filho ou a esposa, encontre seu poder pessoal. As pessoas não vão mudar, você mesmo deve se motivar independente dessas influências. Procure conquistar sua família e amigos com seus projetos, mostre determinação, mas não seja fraco ou fraca de acreditar que você não consegue. A empatia é uma característica muito preciosa e precisa ser desenvolvida. Algumas pessoas já nascem com tendência a ter mais empatia (meu caso), outras pessoas só conseguem enxergar com seus próprios olhos, não desenvolveram ainda a capacidade de se colocar realmente no lugar do outro. Não apenas na situação, mas no lugar.

Não se faça de vítima, pois você não é. Se seu marido, esposa, filho, amigo, colega, pai, etc fica criticando seu projeto ou seus planos, encontre formas de crescer com a crítica e não leve para o lado pessoal: as limitações deles são deles, passam a ser sua apenas se você aceitar. Se não encontrar apoio incondicional dentro de casa, procure em outros lugares, você vai encontrar. Não fique chateada/o com os outros, eles estão fazendo o melhor que podem com o que têm. Encontre seu poder pessoal e vá em frente!