Marisa era verdadeiramente nobre. Suas sobrancelhas e boca demonstravam sua curiosidade sobre a vida. Não sei exatamente o que passava em sua mente, mas prestava atenção ao que eu falava, talvez eu tenha acrescentado algo, mas posso garantir que ela me acrescentou. "Você é resiliente, mas você é entrópica?", lembro de ela me questionar. Ela olhava por cima dos óculos, admirada, e contava uma história sobre sua família, sua tia-avó muscicista, seu sobrinho - ela amava ele, ela demostrava na admiração que tinha. No dia do aniversário de sua irmã, seu sobrinho estava fazendo algo importante, tipo lançando um livro. Ela contou dele para mim, emocionada, lágrimas nos olhos. Era uma eterna menina, em busca. Num caminho que a levou em uma chácara lá perto de onde havia sido minha festa de debutante, 13 anos atrás - que sincronia. Nessa chácara, duas horas de meditação guiada por cristais. Ela estava em paz, era sábia, passara por quimioterapia e sabia muito bem como se recuperar de uma doença, sempre com bom humor e bem estar. Ela procurava sentir-se bem, elevar suas energias. Professora, havia encontrado uma de suas alunas há pouco e dado vazão a essa sincronicidade, aproveitando para oferecer-lhe uma carona. Que alegria, que troca. Havia começado há pouco a focar sua carreira em algo EAD, queria evoluir. Como sei que cada ser humano é um universo, eu fiquei encantada ao poder fazer parte do seu por alguns encontros, embora eu tenha conhecido tão pouco, mas tão pouco, que posso dizer que foi nada - porém, esse nada me fez refletir. Esse nada, porém, falou comigo. Enquanto escrevia essas palavras, me chega um recado: a missa de sétimo dia, amanhã, às 17h. Seria apenas coincidência? Não, nunca é apenas uma incidência que ocorre junto, mas um sinal. Estávamos conectadas após exercícios de intuição. O sinal da flauta doce tocando enquanto Sonia guiava e que finalizou bem quando voltamos ao aqui e agora daquele dia. Foi como se você tivesse feito sua última fala em nosso grupo, nessa inspiração: diga para todos que eu estou bem, diga que aqui é um lugar belo, e estou me sentindo muito bem. Em paz. Essa viagem é uma passagem, os ciclos sempre se fecham para novos, a vida renasce, as lições são aprendidas. Muita coisa se leva, mas duas coisas são tudo que existem: o amor e o medo. Se conseguirmos superar nossos medos, o amor prevalecerá. E essa a mensagem que nossos breves e poucos encontros me proporciona, todos os dias, a refletir. Gratidão por ter podido compartilhar tanto amor naquele grupo com Marisa - e com todos vocês que ainda estão aqui, esse é meu agradecimento às forças criadoras do Universo, ou, se quiserem, Deus.