Já faz alguns dias que eu estava pesquisando sobre apropriação cultural com o objetivo de entender melhor sobre racismo e tomar consciência do meu papel e dos meus privilégios, para que eu possa tentar ser uma pessoa melhor. Em algum momento, me deparei com o fato de que meu cabelo é e sempre foi bagunçado e, aos 14 anos, alisei no estilo japonesa, sendo que eu poderia ter tido um relacionamento melhor com ele e aprender a cuidar ao invés de rejeitá-lo.
Refletindo sobre isso, me dei conta de que ainda tem uma ferida na minha auto estima relacionado a essa imposição social por um cabelo "menos bagunçado". É uma ferida que está se curando e cada vez se cura ao me expressar.
Minha família materna é de origem italiana, sou branca. No entanto, minha árvore genealógica trava no pai do meu pai que, por alguma razão do destino, não se sabe quem é. Sabe-se que meu pai é mais moreno que minha avó e meus tios. Isso pode significar que essa parte me trouxe uma característica diferentíssima do meu irmão gêmeo, que nasceu loirinho de olhos claros.
seja ele não tem que ter um formato e nunca deveria ter tido -
ou mas que eu,
momento em que eu quis colocar "trancinhas".
Eu odiava que me costumavam me considerar descabelada o tempo todo. As pessoas mexiam no meu cabelo como se eu estivesse errada. Eu preferia que tivessem me incentivado a amar meu cabelo, mas não. Aos 10 anos minha mae achou melhor eu cortar porque eu tava com piolho e ela achava difícil cuidar de mim. Nada contra ela, eu sei que ela estava fazendo exatamente o que eu faria se fosse ela, porque é o que ela conseguia fazer com o que tinha (tenho vários irmãos, perdi uma irmã nessa época, estávamos morando no RJ "sozinhos", etc). Aos 14 anos alisei. Usei liso até uns 20. Aí fiz dread. Cortei curtinho mais feliz esperando que ele crescesse. No fim, estou curando minha ferida com minha auto estima porque as pessoas me incentivavam a ter um cabelo que eu não tinha. E essa experiëncia não é exclusividade minha, outras meninas ainda não se curaram dessa ferida.